Quando se analisa um carro, o porta-malas sempre entra na equação. Esse apêndice passou a ser usado com mais força nos projetos a partir dos anos 1940, pois antes restava ao proprietário a saída de um suporte para malas, bagageiro no teto ou até mesmo um baú. Atualmente, até os hatches investem em espaços avantajados para bagagem. O caderno Vrum reuniu algumas curiosidades sobre os porta-malas, suas medidas, acessos e, até mesmo, manias.
O POVO GOSTA Pois é, o bumbum avantajado é a preferência nacional, mesmo quando o assunto é automóvel. Principalmente entre os sedãs compactos. O mercado brasileiro ainda é marcado pelo fato de as famílias terem, na maioria absoluta dos casos, apenas um carro. Por isso mesmo, o espaço interno tem grande peso. A mala é tão importante para a autoestima de um carro que a Honda não deixou de lado essa parte da anatomia automotiva no novo Civic. O modelo, que marcava 340 litros na última geração, passou para 449 litros, medida obtida, em grande parte, pelo uso de um estepe mais fino. 2
ESTEPE INCOVENIENTE O estepe pode roubar ainda mais espaço de um porta-malas. É o que acontece com o Peugeot RCZ. Homologado para rodar sem estepe, o modelo traz o pneu sobressalente na medida 235/45 aro 17, já que o kit de reparo não é suficiente para consertar rasgos laterais, o dano mais comum dos pneus baixos. Com isso, os 321 litros são tomados, mas o motorista não ficará a pé no acostamento em emergências. O jeito é ocupar os pequenos bancos traseiros com a bagagem.
OLHO DO DONO Os padrões de medição podem variar de caso a caso, indo desde o infame padrão de medida com água, que ocupa cada brecha, ao jeitinho americano, onde imperam medidas até a linha do teto. É o que explica diferenças como a marcada pelo Chevrolet Sonic hatch, que tem capacidade divulgada de 539 litros, mas indo além da linha dos vidros, volume maior do que os 397 litros do Sonic sedã. O Chevrolet Aveo, virtualmente o mesmo carro, tem 290 litros divulgados. E em Ciminillos, quanto dá?
ACESSO PRIVILEGIADO A mala é importante, mas o acesso também. Isso ajuda a explicar o fenômeno dos modelos maiores na Europa, que não dispensam as versões hatchback ou notchback (quando tem um pequeno volume traseiro, como era o antigo Ford Escort). O volume pode até ser parecido com suas versões sedãs, vide o exemplo do Audi A7 Sportback, que marca 535 litros, enquanto o seu companheiro de base A6 sedã tem 530 litros. Mas o que vale mesmo é a facilidade de carga e descarga, principalmente de objetos mais volumosos. De quebra, esses modelos ainda contam com a vantagem de um estilo mais marcante. Se bem que o BMW Série 5 GT não levou qualquer concurso de desenho.
MEDIDA PRÓPRIA A medida Ciminilllo foi inventada pela americana Jill Ciminillo, que tem um blog chamado Girl in The trunk, garota no porta-malas, em tradução livre. Entrando em porta-malas de vários modelos, Jill transformou seu sobrenome em unidade de medida. A blogueira também experimentou um Sonic e instituiu a capacidade em 12 Ciminillos, mas duvidou do volume de 539 litros. A garota não tem claustrofobia, claro. É o que prova a foto dela no porta-malas de um Mercedes-Benz SLK 350, que, como todo conversível com capota retrátil, tem que dividir espaço do “telhado” com o das malas. Podia ser pior, um Fusca, por exemplo.
INSEGURANÇA TOTAL Pessoas sendo levadas no porta-malas pode ter sido algo normal há décadas, mas é infração gravíssima no Brasil. Mesmo assim, não é raro encontrar a cena, seja aqui ou no exterior. Às vezes, é uma questão de superlotação. Noutras, um quebra-galho arriscado para se ganhar mais tração, jogando mais peso na traseira, como essa cena na Macedônia, Europa.
NO APERTO Enquanto tem gente querendo entrar no porta-malas, outros querem sair. Desde 2002, nos Estados Unidos os carros passaram a vir com uma lingueta que, se puxada, destrava o porta-malas por dentro. Embora muitos enxerguem como saída para sequestros relâmpagos, a medida visa salvar crianças. Como brilha no escuro, a trava pode ser achada com facilidade dentro do compartimento.