O óleo é fundamental para garantir que o motor funcione corretamente, tenha melhor rendimento e durabilidade, pois ele é composto por vários componentes metálicos de superfícies diferentes que se encontram em constante movimento durante o funcionamento. O lubrificante cria uma película fina entre essas superfícies e evita o contato entre elas, reduzindo o atrito, o que resulta em diminuição do desgaste e da geração de calor. Mas, com o tempo, o óleo e os aditivos (que trabalham para evitar a formação de borra, ferrugem e corrosão) perdem as propriedades pela atividade constante do motor e a composição química é alterada, comprometendo as características ideais de lubrificação e a capacidade de suportar altas temperaturas. Por isso, é muito importante trocar o óleo do motor de forma regular e correta. Saiba as respostas para as dúvidas mais comuns.
Qual óleo? A resposta é relativamente simples: aquele indicado no manual do proprietário do veículo. Os fabricantes de motor (muitas vezes é o mesmo do veículo) investem muito dinheiro no desenvolvimento de um projeto, realizando diversos testes com lubrificantes antes de recomendá-los aos clientes. Mas não precisa ser da mesma marca indicada no manual, basta que o óleo tenha todas as especificações citadas nele e que seja produzido por uma marca conhecida no mercado.
Que especificações? As mais comuns atualmente no mercado brasileiro são as classificações da Sociedade dos Engenheiros Automotivos dos Estados Unidos (SAE, sigla em inglês), do American Petroleum Institute (API), que também é norte-americano; e da Associação dos Construtores Europeus de Automóveis (Acea, em francês). A primeira define faixas de viscosidade e divide os óleo em dois grupos: de grau de inverno (que levam a letra W, de winter, inverno em inglês), que reúne aqueles lubrificantes que possibilitam uma fácil e rápida movimentação do mecanismo e do próprio óleo mesmo em baixas temperaturas (a classificação varia de 0W até 25W); e de grau de verão, que inclui aqueles que trabalham em altas temperaturas (o número varia de 20 a 60) sem o rompimento de sua película lubrificante, pois quanto mais quente o óleo menor é a viscosidade.
A API define níveis de desempenho e é indicada por duas letras. A primeira indica o tipo de combustível (o S é para motores a gasolina, álcool, flex e gás natural veicular) e a seguinte define o tipo de serviço, sendo que as letras estão em ordem alfabética e indicam modernidade: o SJ é superior ao SH e assim sucessivamente. Atualmente, o nível API SM é o mais avançado. A classificação da Acea associa alguns testes da classificação API a ensaios de motores europeus e de laboratório.
Mineral ou sintético? O lubrificante pode ser mineral, semissintético ou sintético, dependendo do tipo de básico com que ele foi fabricado. O dono do carro pode escolher qualquer um dos três, desde que o óleo atenda as especificações citadas no manual do veículo. Mas existem diferenças de performance entre eles. De acordo com o especialista em lubrificante Remo Lucioli, da Inforlub Brasil, pode-se dizer que o óleo sintético é um produto da engenharia química mais resistente que o mineral (que é obtido da destilação direta do petróleo) e que o semissintético (que mistura básicos sintéticos e minerais).
Mesma marca? Não. Basta ter as mesmas especificações previstas no manual. Algumas montadoras celebram acordos comerciais com fabricantes de óleos e passam a recomendar algumas marcas, mas o dono do carro não é obrigado a usá-las e seu direito é garantido pelo Código de Defesa do Consumidor.
Quando trocar? Mais uma vez o proprietário deve seguir o que recomenda o manual do carro. Mas deve tomar alguns cuidados, pois o prazo de troca deve ser reduzido para a metade quando o veículo roda em “condições severas”, que incluem aquelas situações mais comuns, como usar o veículo em trânsito urbano intenso e congestionado (em velocidades abaixo de 60km/h); manter o carro na garagem por longos períodos; rodar por percursos curtos (abaixo de 7 quilômetros e menos de 15 minutos); rodar frequentemente por estradas de terra ou ruas, avenidas e estradas de asfalto poeirentas (caso típico do pó de minério em Minas); fazer uso constante de reboque; utilização do veículo para trabalho (como táxi, autoescola etc.); e rodar sempre em cidades com temperatura média acima de 20°C. Na dúvida, troque a cada seis meses ou cinco mil quilômetros, o que ocorrer primeiro.
É preciso usar aditivo? Não. Segundo Remo Lucioli, o lubrificante é composto de óleo básico e aditivos, ou seja, o produto já vem com a quantidade e tipos de aditivos necessários.
E o filtro de óleo? Ele também deve ser substituído a cada troca, pois toda a sujeira removida pelo lubrificante fica depositada no filtro de óleo. Se a troca for prolongada, ele acabará entupindo e isso pode até interromper a circulação do óleo, provocando a fundição do motor.
Qual é o nível correto? Com o uso do carro, o nível do óleo baixa um pouco devido às folgas do motor e à queima parcial na câmara de combustão. Por isso, enquanto não chega a hora da troca, deve-se completar o nível. O correto se encontra entre os dois traços (mínimo e máximo) e não apenas no traço superior. Se o óleo fica abaixo do mínimo da vareta, o motor pode ser prejudicado por falta de lubrificação. Se ficar acima do máximo, haverá aumento da pressão no cárter, podendo ocorrer vazamentos, sujeira em velas e válvulas, danos no catalisador e até ruptura de bielas.