Começou mais um período de terrorismo. Os usuários do transporte aéreo que se anteciparam na compra de bilhetes de passagem para as festas do fim de ano já começam a se estressar. Uma vez mais surgem as ameaças de greve.
Entra ano, sai ano e a historia é sempre a mesma. Por falta de acordo entre os negociadores, a busca de solução se arrasta e as ameaças perturbam o sono de quem se programou para ter as férias de fim de ano sem contratempos.
Houve um ano em que ocorreu um verdadeiro terrorismo. Lembro de um caso com uma aeronave da empresa Gol que decolaria do Aeroporto Internacional André Franco Montoro, em Guaruhos (SP), para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (MG). Depois de concluído o embarque, houve um longo período de espera sem que as turbinas fossem acionadas. O comandante disse que havia ocorrido um problema técnico e informou que a equipe de manutenção estava pesquisando. O problema migrou de uma turbina para outra e, quando parecia estar tudo pronto, o controle de solo daquele aeroporto não autorizava a tripulação a acionar os motores. Houve mais um longo período de espera. Tudo levava a crer que havia um conluio entre os diferentes setores para criarem uma perturbação. Alguns passageiros tomaram a iniciativa de desembarcar, deixando de lado o sonho de festejar o Natal com seus familiares.
Era 2006, ano em que a aviação civil trabalhou sem a presença de uma autoridade aeronáutica com conhecimento do setor.
Logo que a Anac foi implantada, em 2006, os companheiros que estavam no poder pensavam que o transporte aéreo era uma brincadeirinha e preencheram os postos de comando com seus protegidos.
Depois do acidente com o avião da Gol, houve a rebelião dos controladores de voo, que pegou desprevenidos os novos administradores da Anac. A surpresa foi tanta que uma diretora da Agência, recém-empossada, foi encontrada fumando um havana na festa de casamento de uma filha de outro diretor da Agência: o ex-deputado Lomanto Junior.
O ano de 2006 ficou nos anais como o de maior do abuso da paciência dos usuários.
Nos anos seguintes, outros movimentos aconteceram, sempre gerando tensão. Nos últimos anos, sob nova direção, a Anac vem procurando agir, mas nada pode fazer. O problema era trabalhista e cabia à justiça solucioná-lo. A presença dos inspetores da Anac nos aeroportos, com seus jalecos azuis, era um paliativo, pois havia com quem reclamar. Nem sempre a reclamação gerava uma solução, mas, pelo menos, permitia o desabafo.
A situação não é muito difícil de ser entendida. Os aeronautas observam que estão voando com as aeronaves sob seus comandos com uma taxa de ocupação alta. Os acionistas desejam o justo retorno do capital investido e a perpetuação do negócio e os administradores procuram garantir os seus bônus de fim de ano. A balança da justiça demora a encontrar o ponto de equilíbrio.
O lengalenga é sempre o mesmo: o sindicato patronal senta à mesa para apresentar uma proposta ridícula e o sindicato classista coloca exigências majoradas. Este ano, os aeronautas reivindicaram 13% de reajuste salarial e os patrões oferecem 3%. As rodadas de negociação se sucedem e o acordo se delineia vagarosamente. Os aeronautas já baixaram o seu pedido para 10% e os patrões, permanecem nos 3%.
Invariavelmente, o problema acaba nos tribunais trabalhistas e a solução não é imediata. As partes devem ser ouvidas e a procura de um acordo é sempre tentada. Como as partes não são primárias neste tipo de negociação, o acordo não sai. Quando a decisão judicial chega, já provocou um enorme estresse nos usuários.
Houve uma época na qual foi anunciada uma solução inteligente para acabar com esse estresse: as partes apresentariam as suas propostas em separado a um tribunal e, sem que houvesse negociação entre elas, a solução seria proposta por um juiz, que teria como parâmetros os indicadores econômicos e o desempenho da indústria do transporte aéreo.
Depois de ter sido lançado o balão de ensaio, tudo ficou como antes. Não mais se fala de mediação expedita e tão pouco em alterar a data das negociações. Posicionada como está, o sindicato classista tem mais poder de negociação e, como a possibilidade de um acordo sem a mediação judicial é remota, aos usuários sobra o estresse.
Birutinhas
PITCH Quem não se lembra da iniciativa da Anac em determinar que as empresas aéreas dessem conhecimento ao usuário, no ato da compra de seu bilhete de passagem, da separação entre as poltronas de suas aeronaves. As empresas cumpriram em parte a resolução da Anac. Agora o ministro da Secretaria de Aviação Civil está determinando o cumprimento na íntegra da resolução. Algumas empresas terão que mexer nos arranjos internos de suas aeronaves.
CONFINS No dia 25, foram abertas as propostas dos consórcios que se credenciaram para a elaboração dos estudos preliminares e dos projetos básico e executivo do novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins (MG). A Infraero e o estado estão trabalhando integrados na viabilização do novo terminal, que será posicionado à frente da área do novo estacionamento.
737 MAX Os aviões Boeing 737 NG (next generation) darão lugar a um novo modelo de aeronave de corredor único. Em 20 anos, a nova aeronave deverá representar 84% da frota da Boeing no mercado latino-americano. O 737 MAX surge com a finalidade de maximizar a eficiência, confiança e conforto. Será um modelo voltado para a proteção do meio ambiente, reduzindo as emissões de CO2 em 277 mil toneladas, quando comparado com uma frota de 100 aviões mais econômicos da atualidade.
CONCORDATA A America Airlinies e a American Eagle, por meio de suas controladoras, ingressaram com um pedido de concordata conforme previsto no Capítulo 11 da Lei de Falências dos Estados unidos. As empresas continuarão atendendo as 260 localidades, em mais de 50 países, em seus 3.300 voos diários, enquanto prosseguem as negociações com os seus credores.
FROTA A Azul Linhas Aéreas Brasileira ampliou a sua frota com dois novos jatos Embraer 195. A frota atual atinge a marca de 43 aeronaves, sendo 34 jatos da Embraer (modelos 190 e 195), oito turboélices ATR 72-200 e 1 ATR 72-600. A empresa está ligando 40 cidades em seus 300 voos diários. Os crescimentos desta empresa e da Trip são necessários para o transporte aéreo regular de passageiros.