Para diminuir o consumo e, com isso, reduzir o nível de emissões de poluentes, os automóveis ficam cada vez mais aerodinâmicos. Mas quem disse que o pessoal da divisão de design da Daihatsu seguiu essa regra na hora de projetar o conceito FC Case? É que a marca japonesa aposta em outra tendência: a de que os carros do futuro terão interiores parecidos com os da sala de estar, mesmo que, para ampliar o espaço interno, tenham que recorrer às mesmas formas retilíneas desse cômodo. Quadradão, o conceito parece mais um pão de forma de cantos agudos, ou uma caixa (daquelas que guardam CDs), ou até mesmo uma torradeira. A forma de acessar o interior, por meio de uma porta lateral no lado esquerdo e de abertura vertical, também é interessante.
Mesmo deixando completamente de lado a aerodinâmica, o FC Case não é um modelo beberrão. A Daihatsu, marca que pertence ao grupo Toyota, equipou o conceito com um propulsor elétrico alimentado por hidrogênio, que é armazenado em células a combustível (Fuell Cell, daí a sigla FC). Na verdade, não se trata de hidrogênio puro, mas de uma mistura com nitrogênio (hidrato de hidrazina), que é menos suscetível a incêndios e tem maior densidade energética – gera mais energia. Mais interessante que o combustível é a sua forma de abastecimento. Líquida, a mistura pode ser abastecida como gasolina convencional, o que dispensaria a adaptação da infraestrutura existente.
SALA DE ESTAR
A carroceria, que é formada por um bloco com para-brisa numa extremidades, janelas apenas dianteiras e vidro traseiro, pode não ser atraente por fora, mas ao revelar o interior a conversa muda. A grande porta dá acesso a um habitáculo que fica numa posição elevada, sobre uma base, liberando espaço para os componentes mecânicos que ficam sob o assoalho. Para facilitar a subida, há um pequeno estribo, que fica embutido na lateral e se estende quando a porta é aberta. Os retrovisores foram substituídos por câmeras, para tentar melhorar a péssima aerodinâmica da carroceria.
O habitáculo parece ter sido assinado por um arquiteto. São apenas quatro poltronas, com estrutura fina e encostos de cabeça. Os bancos podem ser rebatidos no piso. Uma porta única libera espaço na parede direita da cabine, que abriga uma ampla tela de cristal líquido, que parece grande demais para a cabine, mas que se justifica diante da possibilidade de manter a porta aberta e curtir o que o carro tem a oferecer quando está parado. O interior é “banhado” por uma luz ambiente no tom azul, repetido em uma tela na base da carroceria e, até mesmo, em detalhes das rodas.
O quadro de instrumentos é tão minimalista quanto o resto e se integra ao painel, sem de destacar demais e com uns poucos botões. Para combinar com o estilo hi-tech e retangular, o volante é basicamente um tablet, com bordas arredondadas. Uma grande tela LCD faz a apresentação de sistemas e acessórios, como a ventilação e o ar-condicionado, e quando não está sendo utilizada fica embutida no painel. Tudo para não atrapalhar a decoração dessa sala sobre rodas.