Tudo bem que o Clio não concorre diretamente com os novos Hyundai HB20, Chevrolet Onix e os renovados VW Gol e Fiat Palio. Mas a disputa mais embaixo, onde estão Celta, Palio Fire e Gol G4, também não é fácil. Para deixar seu modelo bem na fita, a Renault optou por dar um “tapa” no visual e mexer no bolso do consumidor. Calma! Não foi para aumentar o preço, que, pelo contrário, diminuiu. A economia também vem da redução na conta dos gastos com combustível, pois o motor 1.0 16V ficou mais pão-duro, sem perder o fôlego. Por outro lado, o acabamento, que era bem razoável no modelo anterior, despencou muito, afetando, de forma indireta, até a segurança.
DESIGN A reforma de estilo do Clio foi feita com inspiração na nova identidade visual dos carros da marca francesa na Europa, onde o compacto já está na sua quarta geração (a brasileira é a segunda). A maior mudança ocorreu na frente, que ficou mais chapada. A grade dianteira (aqui apelidada de bigode) é a mesma dos modelos europeus e agora abriga o símbolo da marca. Os faróis ganharam forma trapezoidal e têm refletor único, em vez do duplo anterior. A tomada de ar não está mais integrada às molduras dos faróis de neblina, que não estão disponíveis nem como opcionais.
LATERAL De perfil, exceto pelas rodas de liga com desenho mais esportivo, parece exatamente o mesmo carro. Na traseira, as alterações se restringiram ao vidro traseiro menor (o vidro estendido era uma característica de estilo do Clio) e às lanternas, que mantiveram o formato e ganharam apenas nova disposição de luzes. Uma novidade interessante são os três kits de personalização para o exterior (Sport, Look e Adesivos), que incluem faixas duplas, frisos laterais e retrovisores na cor da carroceria. O novo compacto é comercializado em oito opções de cor, sendo três sólidas (branco, preto e vermelho) e cinco metálicas (branco, bege, cinza, prata e vermelho).
INTERIOR Se por fora o novo Clio ficou um pouco mais moderno e atraente, por dentro ele piorou um pouco, principalmente no acabamento. A falha principal está nos cintos traseiros, que não são mais retráteis, o que não incentiva (e até dificulta) o seu uso. Os plásticos, como os que estão presentes na parte superior do painel e painéis de porta, têm aparência ruim e rebarbas que podem até machucar o dedo, como a que está na moldura dos comandos dos vidros elétricos no descansa-braço da porta. Embora seja um modelo básico de entrada, as regulagens de altura (e de distância) da coluna de direção e do banco do motorista deveriam estar pelo menos na lista de opcionais. O revestimento dos bancos é em tecido de toque agradável, mas de gosto duvidoso devido aos detalhes na cor amarela.
POSITIVOS O habitáculo é salvo pelo sistema de áudio e vídeo, que reproduz sons e imagens com uma definição pouco comum para um carro dessa categoria; e pelo novo painel, herdado da linha Sandero/Logan. O conta-giros, por exemplo, serve de econômetro com seus pontilhados verdes, amarelos e vermelhos, que indicam, a grosso modo, como está o consumo instantâneo do carro. Para conferir a média, o motorista pode usar o computador de bordo, que é acionado pelo mesmo botão do hodômetro. Vale a pena, pois o consumo reduzido é uma das principais vantagens do novo Clio. Com etanol, uma pessoa e sem ar, ele registrou 6,9km/l na cidade. Na estrada, com o mesmo combustível, duas pessoas e sem ar, cravou 12km/l.
ANDANDO O motor 1.0 16V passou por uma atualização (dentro do conjunto de mudanças, as principais foram o aumento da taxa de compressão, de 10:1 para 12:1; nova central eletrônica, com mais velocidade de processamento; e novas válvulas injetoras) e conseguiu economizar combustível mantendo o bom fôlego anterior. Trata-se de uma referência em desempenho entre os 1.0. O câmbio tem relações bem acertadas, mas os engates são um pouco duros. A suspensão também tem um bom equilíbrio entre conforto e estabilidade. Freios ABS e airbags já poderiam estar presentes, já que serão obrigatórios a partir de 2014, mas não aparecem nem como opcionais.
Avaliação técnica...
ACABAMENTO DA CARROCERIA As extremidades dos frisos protetores das portas dianteira esquerda e traseira direita estão mal fixadas. A tampa do porta-malas está descentralizada e desnivelada e o capô tem montagem razoável. A pintura tem vários pontos com impurezas. As quatro portas apresentam pontos com desnivelamentos entre si e a carroceria. NEGATIVO
VÃO DO MOTOR
O acesso à manutenção em geral é bom, sendo mais limitado aos componentes do sistema de freios (cilindro mestre, reservatório do fluido de freio e servofreio). O resultado do isolamento acústico (somente parte do painel de fogo) é razoável para o seu segmento de mercado. REGULAR
ALTURA DO SOLO
Com 525 quilos de carga útil, o vão livre em relação ao solo perde bem em altura, principalmente do meio do chassi para trás, mas o carro passa razoavelmente bem sobre piso irregular usual. Por prevenção, o veículo tem chapa em aço englobando toda a parte inferior do motopropulsor. POSITIVO
CLIMATIZAÇÃO
O sistema funciona por comando manual e apresentou funcionamento eficiente, seja pelo tempo gasto para dar a sensação de conforto no habitáculo, seja pela vazão e angulação dos difusores de ar do painel. O nível de ruídos de funcionamento é satisfatório. Está bem vedado. POSITIVO
FREIOS
Apesar de não ter ABS, apresentaram bom comportamento dinâmico no uso misto. Estão bem calibrados e dimensionados, além de boa sensibilidade do pedal e reações equilibradas nos dois eixos. O freio de estacionamento atuou normal. POSITIVO
CÂMBIO
A qualidade de engate é razoável em precisão, mas falta maciez nas trocas. As relações de marchas/diferencial são aceitáveis no uso urbano e em rodovias com poucos aclives. Apesar de ter o cabeçote com quatro válvulas por cilindro e torque máximo do motor atuando em rotação mais alta (4.250rpm), o rendimento do câmbio no uso urbano é razoável mesmo com o ar-condicionado ligado. Mas com o veículo carregado, as trocas são constantes, sendo necessário manter a rotação elevada do motor e, em retomadas de velocidade, passar de 5ª direto para a 3ª. REGULAR
MOTOR
O torque máximo e a potência são muito bons para a cilindrada e arquitetura do cabeçote com quatro válvulas por cilindro. As retomadas de velocidade e aceleração são razoáveis. Com o ar-condicionado ligado e carga útil máxima é um automóvel lento, com dinâmica discreta, mas em nível aceitável. Para tirar o veículo da inércia em subida acentuada, a sensação é de que ele não vai conseguir, sendo necessário dar uma “fritada” na embreagem. POSITIVO
VEDAÇÃO
Boa contra água. POSITIVO
NÍVEL INTERNO DE RUÍDOS
Os ruídos no habitáculo são evidentes quando se trafega sobre paralelepípedo, asfalto ruim e estrada de terra. O efeito aerodinâmico é bem acentuado em velocidade mais alta. NEGATIVO
SUSPENSÃO
O conforto de marcha não tem um bom acerto, devido ao nível das transferências das imperfeições do solo para dentro somente com condutor. Mas piora bem quando está com carga útil máxima e com a pressão maior dos pneus recomendada para essa situação. A estabilidade é muito boa no uso em geral pela precisão em curvas e pouca inclinação da carroceria. REGULAR
DIREÇÃO
A assistência é hidráulica, com cargas razoáveis para o uso urbano e em rodovias. A coluna de direção não tem regulagem em altura, mas está situada num ponto satisfatório em relação ao banco do condutor. Apresentou reações equilibradas e com boa sensibilidade. A precisão na reta e em curvas satisfaz bem. A velocidade do efeito retorno e o diâmetro de giro em manobras são bons. POSITIVO
ILUMINAÇÃO
O grupo óptico dianteiro tem refletor simples e apresentou eficiência normal no baixo e no alto. Não tem auxilio de faróis de neblina nem regulagem elétrica de altura em função da carga transportada. A iluminação no habitáculo (zona do teto) é composta por somente uma lanterna oval junto ao retrovisor, com resultado razoável para a área da cabine. O quadro de instrumentos e o console central têm boa identificação noturna, mas falta iluminação para a tecla de travar/destravar as portas. Não tem luz de cortesia. REGULAR
ESTEPE/MACACO
A roda é em aço e o pneu reserva (175/70R13) é diferente dos de uso (175/65R14) em medidas e fabricante, mas com o mesmo índice de velocidade. A operação de troca é normal. Não tem nenhuma etiqueta na carroceria indicando a pressão dos pneus nem no manual da versão com pneus opcionais aro 14. REGULAR
LIMPADOR DE PARA-BRISA
Ao esguichar água através de esguichos com quatro jatos o sistema entra automaticamente em funcionamento, varrendo
uma boa área no para-brisa, mas as palhetas deixam a área frisada. No vidro traseiro, o sistema é satisfatório. O acesso no vão do motor ao reservatório de água é fácil. REGULAR
ALARME
A chave de ignição é codificada. Sistema tem proteção perimétrica das partes móveis contra abertura forçada e a volumétrica contra a invasão pela quebra dos vidros (acessório Renault). POSITIVO
Notas (0 a 10)
Desempenho 8
Espaço interno 7
Porta-malas 7
Suspensão/direção 8
Conforto/ergonomia 8
Itens de série/opcionais 6
Segurança 7
Estilo 7
Consumo 8
Tecnologia 7
Acabamento 7
Custo/benefício 7
Quanto custa
O Renault Clio Expression 1.0 16V quatro portas tem preço básico de R$ 25.880. Com todos os opcionais, o preço sobe para R$ 30.370. Acrescentando todos os acessórios, vai para R$ 38.235. O Clio é vendido também na versão Authentique, mais básica, com preços sugeridos de R$ 22.990 (duas portas) e R$ 25.150 (quatro portas).