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Novo Mercedes Classe A - Mudança de gênero

Marca alemã reprojeta completamente seu modelo de entrada, que ganha esportividade na medida dos concorrentes da Audi, BMW e Volvo, além da troca radical de DNA

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De Liubliana, Eslovênia - Às vezes, o lugar de lançamento de um carro diz muito a respeito do caráter dele. É o que bem provou a escolha da Mercedes-Benz, que definiu a bela Eslovênia para a estreia de seu novo compacto. Entre a capital Liubliana e o litoral, o caminho montanhoso passa por autoestradas e, principalmente, estradinhas tortuosas. Daquelas boas para se atirar esportivos. E o novo Classe A faz parte desse clube. Pois é, o monovolume familiar mudou de personalidade: enquanto as duas primeiras gerações eram bem caretas, o novo Classe A seguiu a trilha que a Audi inaugurou com o A3 e a BMW e a Volvo seguiram com o Série 1 e o V40. Trata-se de um carro que faz a mímica dos modelos mais caros da marca não apenas no estilo, como também no jeitinho esportivo.

 

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O Classe A deixou de ser bonzinho. Entre a capital e Portoróz, cidadezinha litorânea próxima da fronteira italiana, o hatch mostrou que a suspensão tem acerto primoroso, pensado na esportividade. De acordo com o presidente da Daimler, Dieter Zetsche, o projeto foi feito a partir de “uma folha em branco”, uma alusão à mudança radical do modelo. A estampa tem muito dos Mercedes ricos, como o belo CLS, mas o Classe A segue arranjo de motor e tração dianteiros. Mesmo a BMW planeja linha de entrada com tração anterior, sinal dos tempos, portanto.

Ainda assim o carrinho alemão não decepciona em afinamento. A dianteira tem suspensão McPherson, enquanto a traseira não dispensa o eixo Multilink, o que explica parte da fluência do Classe A no diálogo com as curvas. O preço é pago pelo conforto: em parte culpa da distância entre-eixos curta e também dos pneus de perfil baixo, qualquer imperfeição é amplificada. Esse jeito purista de ser é compensado na hora de acelerar. A versão A250 Sport passa fácil dos 200km/h e mantém-se firme no asfalto.


PODE MAIS O conjunto, inclusive, foi dimensionado para muito mais. A futura versão da AMG deve extrapolar os 250cv. Ao andar nos mais básicos A180 (122cv) e A200 (156cv), equipados com o mesmo motor 1.6 turbo com injeção direta, a impressão é de que sobra conjunto. O A250 Sport, por sua vez, está equipado com um motor 2.0 turbo de 211cv que apresenta uma certa apatia antes das 2 mil rpm. Já rodei com motores turbinados com entrega de potência mais bem resolvida antes dessa rotação. Há duas opções de câmbio: manual de seis velocidades e automatizado de dupla embreagem e sete marchas. Embora ofereça menos envolvimento, o automatizado garante rapidez nas mudanças, na medida para extrair o melhor do modelo. Porém, rodando devagar, surgiam trancos durante as passagens. Toda a gama tem Start-stop que desliga e religa o motor em paradas, além de direção elétrica para não roubar potência.

O A250 Sport é um foguete de bolso, como gostam os europeus. O hatch arranca forte e chega aos 240km/h com facilidade. Enquanto isso, o A200 tem desempenho adequado, mais na medida do mercado brasileiro. Já o A180 só terá esportividade nas linhas e fica devendo performance. Na Europa ainda há a opção de dois motores a diesel, um 1.5 (108cv) e um 1.8 (136cv). Na hora de parar, a mesma desenvoltura. Os discos de freio são ventilados na frente e sólidos atrás, enquanto o freio de estacionamento é elétrico.

LINHAS Além de arrojadas, as linhas são aerodinâmicas, marcando o coeficiente de penetração de 0,27, raro até entre sedãs e cupês e ainda mais entre hatches. Quando se entra no Classe A, não há dúvida de que se trata de um legítimo Mercedes. O acabamento é primoroso, com detalhes que lembram fibra de carbono, além de elementos cromados ou anodizados, ainda mais no pacote AMG. As saídas de ar são no estilo turbina, como no SLS AMG. O painel ostenta tela sensível ao toque que reúne informações e entretenimento, incluindo acesso às redes sociais. Os bancos dianteiros são anatômicos na medida certa para abraçar o motorista, que se sente “vestido” pelo carro. Atrás, apenas dois adultos com conforto, culpa do túnel central elevado, reservado para versões com tração integral como a futura variante no melhor estilo SUV. (E mais um cupê/sedã, uma perua e o Classe B, para quem insiste na versão careta.) O porta-malas é de hatch médio, levando bons 341 litros.


A Mercedes não economizou em segurança. Os cintos se ajustam ao corpo dos ocupantes automaticamente. Há alerta de mudanças de faixa, além de sistema que previne colisões dianteiras. Se tudo der errado, o Pre-Safe tenciona os cintos e fecha os vidros para mitigar danos numa possível batida. O interior é coalhado de airbags, enquanto o capô levanta em caso de atropelamentos. Na Europa, o preço começa em 24 mil euros, mas as vendas no Brasil começam apenas no primeiro semestre de 2013, com preço a partir de R$ 100 mil. A boa notícia é que a marca ainda considera a produção da linha Classe A (e família) em Juiz de Fora, como o original feito entre 1999 e 2005. Os diretores da empresa agora pisam em ovos para não tornar a errar no Brasil: ou acertam ou acertam...