Os fabricantes costumam fazer os testes de seus futuros modelos com camuflagem pesada. Tão disfarçada que distorce volumes, indica detalhes falsos e raramente deixa mais do que pistas. Mas nem sempre, como bem prova o flagra da segunda geração do Citroën C3, que só chega em 2012 ao mercado. As fotos foram clicadas por Diogo Dias, em Resende (RJ), cidade contígua a Porto Real, onde o carro será produzido pela PSA Peugeot-Citroën. Segundo o jovem de 18 anos, dentro da fábrica, o modelo ainda guarda segredo, sendo chamado pelo nome-código de A51. O fato é que o disfarce não consegue esconder as alterações do C3 nacional em relação ao europeu, lançado em 2009. Vai ficar de fora, por exemplo, o belo para-brisa panorâmico, que se estende em relação ao teto como no monovolume C4 Picasso.
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Na prática, o carro surgido em 2002 e lançado por aqui no ano seguinte mudará totalmente por fora, algo que não acontecia desde 2008. O estilo é parecido com o do C3 original, incluindo o teto em arco e a linha dos vidros curva com base ascendente ao final. Os faróis e lanternas ficaram mais alongados. Já a grade tipo bocão, incrustada no para-choque, pode dar lugar ao arranjo de falsa grade convencional, como é no monovolume C3. Em medidas, o C3 nacional deve replicar o europeu: são 3,94metros de comprimento, 8cm a mais que antes, enquanto a largura passou a 1,73m e a altura de 1,52m. A distância entre-eixos fica nos mesmos 2,46m. Já o porta-malas deve continuar na faixa de 300 litros.
INTERIOR Não é a única simplificação. O interior não terá as formas do original, que tomou emprestadas as linhas do primo mais caro, o compacto premium DS3. O futuro hatch nacional trocou as referências e ficou com as formas do Citroën AirCross e C3 Picasso nacionais, que se distanciam igualmente dos europeus. Entre as diferenças, notam-se as saídas de ar circulares com contornos prateados, diferentes das retangulares europeias. Na prática, uma maneira de aumentar o compartilhamento de peças e poupar.
Na contramão da simplificação, um ponto positivo deve ser a adoção do 1.6 VTi de 120cv (na versão aspirada) usado pelo europeu, o mesmo motor do Mini Cooper e do Peugeot 3008 (no caso turbo), que já está sendo trabalhado no Brasil. Pode ser o fim da linha para o antigo 1.6 16V de 113cv – com etanol –, que foi reutilizado pelos monovolumes da gama, enquanto o 1.4 8V de 82cv pode ser mantido. O câmbio manterá o padrão de manual de cinco marchas ou automático de quatro, o que também é usado na Europa, onde há opção de manual de seis velocidades.
PSA Por enquanto, estão sendo produzidas até cinco unidades por dia, todas voltadas a testes. Nesta semana estão sendo feitos testes no Sul do país, para ver como os sistemas se comportarão em temperaturas mais frias, ainda longe do lançamento comercial. Seja como for, a mudança injetará mais vigor no C3, que mantém bons índices de vendas, com média superior a 3 mil carros/mês em 2011, acima de concorrentes como o Fiat Punto ou de outros bem vendidos em segmento superior, como o Hyundai i30. Diante das vendas dos novos monovolumes C3 Picasso e Aircross, as expectativas são boas. A PSA não vai ficar só no C3 não. Segundo Diogo Dias, a arquitetura do hatch ainda vai dar origem ao Peugeot 208, chamado internamente de A9 – o compacto entra em testes em breve. Será uma segunda invasão francesa do Rio de Janeiro.