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Negligência - Segurança encostada

Apesar de não ser regulamentado por lei, apoio de cabeça central no banco traseiro é vital, mas não consta nem na lista de opcionais dos modelos mais vendidos no país

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A Resolução 44 do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), de maio de 1998, é omissa em relação ao encosto de cabeça no assento central do banco traseiro. Exige apenas os laterais, como se o passageiro do meio fosse imune às conseqüências de acidente. Mesmo que o veículo seja homologado para o transporte de cinco pessoas ? como a maioria é ? , grande parte das montadoras segue a lei e dão menos valor à vida do ocupante do centro do banco, pois, em muitos casos, nem disponibilizam o item como opcional. ?O encosto é necessário para reduzir o efeito chicote. Quando ocorre colisão ou freada brusca, há a desaceleração do veículo, o passageiro é projetado para a frente e depois volta bruscamente. O encosto reduz o impacto na coluna e evita que ele fique tetraplégico e até que morra?, explica a médica neurocirurgiã do Hospital João XXIII e do Hospital da Polícia Militar Denise Marques de Assis.

De acordo com o gerente executivo de planejamento de marketing da Volkswagen, Fabricio Biondo, quando a preocupação do consumidor brasileiro se volta para a segurança recai sobre itens mais tangíveis, como airbag e freio ABS, do que o terceiro encosto de cabeça no banco traseiro. Por isso, a Volkswagen não vende o terceiro encosto nem como opcional em seus modelos mais comercializados: Gol e Fox. No Polo, em que é possível comprar o item, é preciso pagar R$ 1.475 para levar junto coifa da alavanca do câmbio em couro sintético, buzina dupla, pára-brisa degradê, detalhes internos cromados e uma série de predicados que não se relacionam com a segurança. ?Começamos a oferecer o terceiro encosto no segmento em que o consumidor está preocupado, como do Polo e do Golf?, justifica Biondo, que completa: ?Muitas vezes, o cliente não sabe o que quer?. E o fabricante também não ajuda e tampouco faz sua parte.

Perguntado sobre o que a montadora aposta para aumentar a segurança do carro em um futuro próximo, Biondo aponta tecnologias de soldagem, como solda a laser. É a mesma seara em que se fixa o supervisor de segurança de veículos da Ford, Henrique Martins: ?Não são só dispositivos que geram segurança. Existem outras coisas, como o projeto de estrutura da carroceria. Investimos em aço de maior resistência e plásticos melhores?. Martins também cita airbags de última geração presentes no Fusion e no Focus, além de freio ABS, mas quando o assunto é o encosto de cabeça central escapa pela tangente.

Isso porque o item de segurança só é vendido como opcional a partir do Focus Ghia. Martins tenta explicar que a Ford coloca a disposição o encosto em todos os modelos, mas somente nas laterais do banco traseiro. Diz também que não é um problema do preço do equipamento. ?É uma questão de preferência do consumidor?, teoriza o supervisor de segurança. O engenheiro Carlos Henrique Ferreira, assessor técnico da Fiat, acredita que a médio prazo todos os veículos da montadora terão o apoio de cabeça central no banco traseiro. Atualmente, Uno Mille e Palio Fire não têm a opção.

SEM FIO

Entretanto, Ferreira tem uma visão diferente de tecnologia de segurança a curto prazo: ?Executar comandos de voz para telefone celular ou acionar sistemas do veículo pode ser um passo importante para a segurança, pois não será necessário retirar a mão do volante diversas vezes?. Essas tecnologias já são desenvolvidas na Itália e aplicadas na Europa em modelos como o Punto, Bravo, Croma e o recém-lançado 500.