A nanotecnologia é um termo um pouco complexo, pois abrange muitas áreas de pesquisas que tratam de objetos mensurados (medidos) em nanômetros. Para ter uma idéia de quão pequena é essa medida, um nanômetro (nm) é um bilionésimo de metro, ou um milionésimo de milímetro. Se tomarmos como base uma praia com 1 mil quilômetros de extensão e um grão de areia de 1 mm, esse grão está para essa praia como um nanômetro está para o metro. O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos, considerados "os tijolos básicos da natureza", tendo como objetivo principal o controle preciso e individual deles.
Atualmente, a aplicação prática da nanotecnologia inclui produtos e serviços como tecidos resistentes a manchas e que não amassam, materiais para proteção contra raios ultravioleta, colas (nanocolas) capazes de unir qualquer material a outro, próteses (cateteres, válvulas cardíacas, marca-passo, implantes ortopédicos, etc.), cosméticos, sistemas de filtragem de ar e água, microprocessadores e equipamentos eletrônicos em geral, entre outros. Embora ainda esteja engatinhando, essa ciência promete transformar, em um futuro não muito distante, toda a nossa maneira de lidar com objetos e estruturas, incluindo os automóveis.
Redução
E não é muito difícil imaginar como seria essa transformação. Basta olharmos para a redução do tamanho de objetos e máquinas nas três últimas décadas. Um dos primeiros computadores ocupava uma sala grande, hoje ele cabe num celular, e com uma capacidade de processamento muito maior. Em janeiro, um grupo de pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA) criou rádios transistores menores que um grão de areia, e com melhor capacidade para sintonizar estações do que aqueles feitos com eletrônicos baseados em silicone.
A maioria dos cientistas que trabalha com nanotecnologia aposta que, nos próximos 50 anos, as máquinas ficarão cada vez menores, tão pequenas que milhares delas caberiam no ponto final desta frase. Além disso, prevê-se que em algumas décadas usaremos essas nanomáquinas para produzir bens de consumo em escala molecular, unindo um átomo ou uma molécula de cada vez para fabricar bolas de beisebol, telefones e carros. Por isso, assim como a televisão, o avião e os computadores revolucionaram o mundo no século passado, os cientistas dizem que a nanotecnologia terá um efeito ainda mais profundo sobre o próximo século. Veja alguns exemplos de como essa revolução já chegou ao mundo automotivo e vem exigindo investimentos em pesquisa pelas montadoras.
Fiat
A montadora italiana divulgou esta semana que lançará no Brasil, entre 2011 e 2012, um modelo de baixo custo, para substituir o Mille. A empresa vai adotar nanotecnologia dos processos de produção do novo compacto, com o objetivo de reduzir os custos. Um dos benefícios dessa tecnologia seria a diminuição do uso de metais na construção do veículo.
Mercedes-Benz
Com base na nanotecnologia, a montadora alemã criou um sistema de pintura resistente a riscos e arranhões, tanto para cores metálicas quanto sólidas, lançado nos modelos da Série C, no fim de 2003. Graças a essa tecnologia, foi possível integrar pequenas partículas de cerâmica, medindo menos do que um milionésimo de milímetro, na estrutura molecular do verniz. Além de aumentar a resistência, garante um brilho mais visível à pintura.
Nissan
Com o uso da nanotecnologia, a marca japonesa desenvolveu catalisador que reduz entre 70% e 90% a quantidade de metais nobres, como platina e paládio, necessários para o seu funcionamento. Segundo a empresa, a nova tecnologia não altera em nada o desempenho dos catalisadores na purificação dos gases emitidos e alcança a mesma durabilidade dos dispositivos convencionais.
Volkswagen
Com o objetivo de criar o carro menos agressivo ao meio ambiente da Califórnia (EUA), uma equipe do centro de design da marca nos Estados Unidos apresentou, em 2006, o projeto de um conceito totalmente baseado na nanotecnologia. Denominado Nanospyder Concept, o veículo de dois lugares é movido a célula a hidrogênio e energia solar, com motores elétricos nas rodas e estrutura feita de materiais orgânicos.
Nanotecnologia - A revolução invisível
Além da medicina e eletrônica, ciência que estuda a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos está transformando o mundo dos automóveis