Não é de hoje que carros inspiram cantores na composição de letras ou em roteiros de clipes. São diversos exemplos de artistas que usam o automóveis em seus clipes e até mesmo na letra da música, que fazem sucesso no Brasil e no mundo. A reportagem abaixo, de Ana Cristina Pimenta, mostra alguns casos de sucesso na parceria carro/música:
Roberto Carlos é um artista que faz questão de manifestar sua paixão pelos automóveis. São diversas músicas que abordam os carros, como Calhambeque, que como conta a música, foi emprestado enquanto o Cadillac era consertado. Mas o cantor também fez uma música só para o Cadillac. Na condição de ator, Roberto fez o filme ‘Roberto Carlos em ritmo de aventura’, onde ele fugia de bandidos em alta velocidade. Já no longa ‘Roberto Carlos a 300 km por hora’, ele interpreta Lalo, um mecânico que aproveita para dar umas voltinhas com os carros dos clientes e do patrão. Em seus clipes, Roberto se mostrava um ator experiente. Ele era o próprio personagem dos clipes de suas músicas, como em ‘Caminhoneiro’, em que Roberto era um motorista apaixonado. Veja um trecho do clipe:
Independente da música, Roberto Carlos é um apaixonado pelo mundo automotivo. Foi o primeiro comprador do Audi R8 Spyder V10 no Brasil e dono de um acervo raro que inclui, claro, um Cadillac, que já estava velho, mas foi reformado recentemente por Emerson Fittipaldi.
Mas quem gosta mesmo de carro velho é a cantora baiana Ivete Sangalo. Antes da fama, um velho Fiat 147 que vivia dando problema para Ivete, a inspirou na música que fez sucesso no auge da Banda Eva, quando ela ainda era a vocalista. Embora o Fiat tenha marcado a vida da cantora, ela optou em usar outro carro para gravar o clipe da música. Assista:
Outro famoso carro velho é a Brasília amarela, dos Mamonas Assassinas. Um dos clipes mais lembrados pelos fãs do grupo paulista é a da música ‘Pelados em Santos’, onde a Brasília aparece quase como protagonista. Mas não era uma Brasília qualquer. Além de ter uma pintura em raro e excelente estado na cor amarela, ela tinha rodas gaúchas e o interior estilizado.
Após a morte dos integrantes do Mamonas Assassinas em um acidente aéreo, em 1996, a Brasília mais famosa do Brasil ficou Guarulhos, na Grande São Paulo. Hoje, o dono do carro é Marcelo Guerreiro, baterista do principal grupo cover dos Mamonas, o Somrisal, formado por amigos dos Mamonas. Os integrantes do Somrisal desfilaram dentro da Brasília amarela no carnaval do Rio de Janeiro deste ano pela escola de samba Inocentes de Belford Roxo. Na ocasião, o músico fez questão de explicar que, apesar da Brasília sair em cima de uma carro alegórico, ela ainda roda muito bem, mas há lugares em que eles evitam ir com ela com medo de roubo.
Tão indiscreta quanto a Brasília dos mamonas é a Pussy Wagon do filme Kill Bill, que Tarantino emprestou à Lady Gaga para o clipe da música ‘Telephone’. A picape Silverado SS é guiada por Byoncé, que ajuda Gaga em uma fuga policial que promete ter continuação. O vídeo abaixo mostra um pouco mais do Pussy Wagon no clipe da cantora novaiorquina.
Se tem alguma artista que inspirou o estilo de Lady Gaga, ela atende pelo nome de Madonna. Ao menos o gosto duvidoso por carros elas têm em comum. O clipe ‘Music’ é gravado quase todo em uma velha limousine Lincoln Continental dourada, dos anos de 1980. O chofer de Madonna é uma figura tão irreverente quanto ela e a própria Limousine, que além de motorista é um DJ que comanda a festa.
Outra Limousine, tão mal cuidada quanto a de Madonna, porém mais discreta, virou música e, consequentemente, clipe para o Foo Fighters. ‘White Limo’, mais se parece uma produção caseira, feita com câmera amadora. A limousine branca está no último álbum da banda e no clipe, a ‘caranga’ é pilotada por Lemmy Kilmister, baixista e vocalista do Motorhead. Com todos esses elementos, é de se imaginar que o Foo Fighters queria mesmo um clipe tosco.
Voltando às musas do pop, Rihanna mostrou que tem um gosto mais apurado para inserir carros em clipes do que Gaga e Madonna. No clipe ‘Shut Up and Drive’, do terceiro álbum da cantora, Rihanna chega a um galpão dirigindo uma Ferrari F430. No lugar funciona uma oficina, onde ela mesma coloca a mão na massa e prepara carros para uma disputa de arrancada. No clipe, gravado em um ferro velho de Praga, na República Checa, ainda mostra um Skoda Rapide e um Ford Mustang 1969 totalmente modificados.
Quem também usa um Mustang é o rapper americano Nelly para composição de seu clipe mais recente. Mas o modelo do compositor é um GT 2011, que flutua e ao final do filme ainda arde em chamas. O nome da música já explica tudo: ‘Just a Dream’, ‘Só um sonho’. O título do álbum, ‘Nelly 5.0’, também indica o bom gosto do cantor pelo esportivo da Ford, referenciando a propulsão cinco litros V8 do Mustang GT. A música o rapper escreveu em homenagem a irmã, que morreu de câncer em 2005. Assista o vídeo:
Ao contrário de Nelly, o rapper Akon esnoba ao citar sua Lamborghini Gallardo na música ‘Smak That’. Na letra, ele cita aventuras perversas usando o bólido como isca para as mulheres. Confira:
Até os ‘boys band’ se renderam aos desejos automotivos. Reforçando o estereótipo de que carro conversível é coisa de jovem, os integrantes do N Sync aproveitam o clipe de ‘Bye Bye Bye’ para pilotar um Dodge Viper e participam de uma disputa com um BMW Z3 dirigido por uma bela jovem. Só na ficção mesmo para que um Viper com motor V10 de 405 cv seja alcançado por um Z3 com motor V6. Ainda bem que era só um filme, pois as manobras realizadas são pra lá de irresponsáveis. O vídeo foi gravado ainda no final dos anos de 1990, quando grupos pop de formação masculina fizeram sucesso em todo o mundo. Se fosse hoje, provavelmente o clipe teria um Z4 e um Audi R8 Spyder no lugar do Viper e do Z3, ainda assim sem chance real para o BMW em caso de disputa.
Sejam velhos ou novos, luxuosos ou simples, os carros estão em nosso imaginário e os artistas da músicas continuam explorando o mundo automotivo para marcar a carreira e a vida de muita gente que possui uma memória musical.