O inspetor de qualidade Antônio Vidal tem um Chevrolet Celta 1.0, ano 2004, atualmente com 22 mil quilômetros rodados. Desde a primeira revisão, com um ano de uso, ao levar o veículo a concessionária autorizada, reclamou de barulho no motor. A resposta que obteve foi que o ruído era normal e acontecia devido à alta taxa de compressão, sendo comum em todos os modelos Celta com motor VHC. O barulho, segundo ele, ocorre sempre ao ligar o automóvel, desaparecendo depois que o motor atinge a temperatura ideal de funcionamento.
E, de fato, era considerado normal, pois, de 2001 até 2004, a General Motors não tinha como solucionar o problema, nem de forma paliativa, de acordo com chefes de oficina de concessionárias autorizadas. E, assim, o defeito era considerado característica do carro. A partir de 2004, começou a haver tentativas até que, este ano, as oficinas passaram a substituir os pistãos, antes quadrados, pelos adotados pela GM nos modelos novos (2007), de formato arredondado.
A explicação está na variação de dimensão dos pistãos, que saíam de fábrica medindo de dois a três centésimos menos que o necessário, provocando folga dentro do cilindro, que fazia balançar, dentro, a saia do pistão. Os problemas são exatamente os descritos por Vidal: ao ligar o carro, o barulho é forte e vai sumindo à medida que o motor esquenta. Desde que os chefes de oficina passaram a trocar os pistãos pelos novos, de formato arredondado, o problema parece estar resolvido.
A maioria dos consultores afirma que não há motivo para preocupação, já que nada grave, além do inconveniente do barulho, acontece com o carro. Um deles, porém, alerta para o fato de que a folga dos pistãos pode levar à perda de força do motor, quando ele atingir quilometragem mais alta. Além disso, enquanto o veículo estiver na garantia, é bem mais tranqüilo realizar a troca. A concessionária faz um pedido da peça à fábrica, que autoriza a troca em garantia. Não estando mais o carro em garantia, o conselho é levá-lo à oficina autorizada, da mesma forma. Se diagnosticado o problema, também será feito o pedido à fábrica, com grandes chances de ser resolvido gratuitamente, desde que todas as revisões tenham sido feitas de acordo com o manual. Outro incômodo é o tempo sem carro, pois, na maior parte dos casos, primeiro é preciso desmontar o motor para a confirmação do diagnóstico e o pedido da peça, cuja chegada pode demorar de uma semana a 30 dias.
Segundo a General Motors, o inconveniente citado ocorreu em casos isolados, detectados em veículos que estavam em testes de campo. Mas a montadora informa que as concessionárias estão devidamente capacitadas para uma rápida solução, o que significa que proprietários que observarem o problema devem procurar uma revenda autorizada ou o serviço de atendimento Chevrolet (0800 702 4200). Independentemente de o carro estar ou não dentro do período de garantia, a troca será feita gratuitamente.