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Mercedes-Benz prepara fim da produção de caminhões em Juiz de Fora

Fábrica só vai fazer cabines, segundo sindicato local dos metalúrgicos

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Inaugurada em 1999, unidade passa por revisões desde 2005, quando interrompeu produção do Classe A


A fábrica de Juiz de Fora da Mercedes-Benz vai encerrar a produção de caminhões em 2018, informou o sindicato local dos metalúrgicos. A direção da montadora alemã anunciou ontem a decisão aos funcionários de reservar à planta industrial somente a produção de cabines e o acabamento. As demais etapas serão transferidas para a unidade de São Bernardo do Campo, no interior de São Paulo, onde a previsão é de que sejam investidos R$ 3 bilhões. Procurada pelo Estado de Minas, a empresa confirmou que estuda a transferência, mas só vai se pronunciar sobre o assunto nos próximos dias. Ainda de acordo com a companhia, não há intenção de encerrar as atividades em Minas.

O planejamento da empresa prevê que a fabricação do caminhão leve Accelo seja transferida para São Paulo em 2016. Dois anos depois, será a vez do extrapesado Actros, de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora. As informações teriam sido confirmadas por dois diretores da companhia em reunião ontem na cidade. Com isso, segundo o sindicato, permanecerão apenas os setores de pintura e montagem bruta, onde cerca de 300 funcionários trabalham. Atualmente, são 750 trabalhadores. O temor é de que a maior parte deles seja dispemsada. A empresa garantiu ao EM que haverá manutenção dos postos de trabalho.

Em nota, a Prefeitura de Juiz de Fora, informou que foi procurada pela montadora e a empresa informou não procederem as informações divulgadas pelo sindicato. A nota diz que o executivo municipal vai acompanhar o assunto para defender os interesses dos trabalhadores e da cidade. O presidente do sindicato local dos metalúrgicos, João César da Silva, prevê três consequências da nova reestruturação da fábrica: o encerramento das atividades das empresas fornecedores; a possibilidade de desemprego e o prejuízo para os cofres do município.

César da Silva diz que a empresa não deu uma explicação convincente para o fim da produção de caminhões. “Há coisas que a gente não sabe como foram decididas. As decisões da Mercedes não obedecem a uma linha lógica”, afirma ele, vislumbrando o fim da unidade de Juiz de Fora, o que a companhia nega e ressalta ter planos para a unidade mineira. Os trabalhadores ameaçam paralisar, hoje, a produção para protestar às portas da prefeitura.

A decisão da empresa alemã está relacionada à negociação salarial dos metalúrgicos de São Bernardo do Campo. Na última semana de setembro, a montadora pôs em votação a campanha salarial com validade até 2017, incluindo na lista a transferência da fabricação dos dois modelos para a planta paulista. O pleito foi aprovado por quase 80% dos trabalhadores.

Com isso, a Mercedes terá que fazer adaptações na unidade paulista para produzir caminhões. A montadora irá fabricar as cabines em Minas para encaminhá-las a São Paulo já pintadas. Inaugurada em abril de 1999, a unidade de Juiz de Fora produziu automóveis até 2009. Inicialmente, a planta era voltada para o compacto Classe A. Sem sucesso no mercado nacional, interrompeu a produção do modelo em 2005, passando a fabricar outra versão, o CLC, apenas para exportação até 2010.

Meses depois do vencimento dos incentivos fiscais dados pelo tesouro estadual, uma década depois da inauguração, que totalizaram aproximadamente R$ 1 bilhão, a unidade praticamente paralisou as atividades. Depois de longa negociação com o governo mineiro, a empresa refez o planejamento, tendo investido R$ 450 milhões na adaptação para a fabricação de caminhões. A linha de produção foi inaugurada em 2012, com capacidade anual de produção de 50 mil unidades.