Pode acreditar, um fabricante de automóveis jamais colocaria uma peça no motor que não tivesse nenhuma função. Ainda assim (e os e.mails enviados à nossa redação não nos deixam mentir) tem muito mecânico por aí que insiste em extirpar a válvula termostática do motor.
O QUE É? A válvula termostática é um componente do sistema de arrefecimento que ajuda o veículo a alcançar a temperatura ideal do motor mais rapidamente, otimizando seu funcionamento. Quando o motor está frio, essa válvula se fecha, impedindo que o líquido de arrefecimento circule pelo radiador e seja resfriado. Como o líquido fica recirculando por ali, o motor atinge sua melhor temperatura em menor tempo. À medida que o motor vai esquentando, a válvula vai se abrindo, e o líquido passa a ser resfriado no radiador.
POR QUE RETIRAM? Se a válvula emperra, ela não deixa o líquido circular pelo radiador e o motor esquenta muito, podendo até ferver. Se a válvula é retirada, o motor não esquenta mais. É uma solução simples, rápida e barata. Além disso, dizem os mecânicos que "sem válvula, nunca mais o doutor terá problema de superaquecimento”. Além disso – dizem eles – só mesmo na Europa, país frio, é que os automóveis precisam da válvula". O dono do carro constata que o problema desapareceu e que o mecânico deve estar correto. Mas não caia nessa: a válvula é necessária, e muito.
CONSEQUÊNCIAS O motor pode até funcionar sem a válvula termostática, mas o proprietário terá que “pagar a conta”. O primeiro problema é o aumento do consumo de combustível, já que a central eletrônica injeta mais combustível em temperaturas baixas. A temperatura baixa também compromete a vaporização do combustível e sua queima é feita de forma incompleta. Com o motor frio, os pistões e os anéis de segmento ainda não se expandiram, formando uma folga por onde o combustível não queimado entra no cárter, contaminando o óleo, além de “lavar” o lubrificante das peças móveis, causando seu desgaste. Por fim, a retirada da válvula termostática compromete a garantia de fábrica. As informações são do engenheiro Francisco Satkunas, conselheiro da Sociedade dos Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).