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Iveco apresenta o seu novo Stralis de corrida

Além do novo caminhão, a escuderia recebeu o reforço do piloto Cristiano da Matta

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São Paulo/SP - Entre as equipes que participam da Fórmula Truck, nenhuma tem que carregar o peso da responsabilidade da Iveco. Afinal, a marca faz parte do grupo Fiat, que abarca em sua constelação a mítica Ferrari, além da Alfa Romeo e Maserati, que brilharam na chamada época romântica do automobilismo, entre as décadas de 30 e 50. Para estar a altura dessa linhagem, a Scuderia Iveco apresentou o seu novo caminhão de corridas, uma versão amplamente modificada e menos civilizada do Stralis.

Em relação ao modelo rodoviário, o motor Cursor 13 de 12,9 litros tem a potência quase que triplicada. São 1.250 cv contra 420 cv da versão 420, a mais potente. O torque de 356 kgfm é suficiente para impulsionar os 4.500 quilos. Não é a toa que o modelo é capaz de acelerar de zero a 100 km/h em apenas 5 segundos, no mesmo patamar de um Porsche 911, e atingir 240 km/h nas retas mais velozes. Resultados expressivos, dada a falta de refinamento aerodinâmico dos grandalhões.

Veja mais fotos do Iveco Stralis de Fórmula Truck!

Isso cobra um preço em durabilidade. Enquanto o propulsor original foi projetado para rodar até 1 milhão de quilômetros, após a preparação, que envolve, entre outras coisas, a diminuição da taxa de compressão e o aumento de pressão do turbo, que passa de 2 bar para 4 bar, as exigências de durabilidade baixam para apenas uma prova. "O motor suporta o equivalente a uma prova e mais um pouco, cerca de 1/5, o que nos chamamos de coeficiente de segurança", explica Marcelo Sakurai, engenheiro da Iveco.

Suavização aerodinâmica

É claro que não é apenas o rendimento do bloco que garante o bom desempenho. É necessário também "aparar algumas arestas" na aerodinâmica, de longe o ponto mais fraco dos caminhões. "Parece que não, mas a carenagem também é o diferencial entre os caminhões, tal como em outras categorias", garante Luiz Carlos de Almeida, designer responsável pelo desenho do Stralis de pista. Com a experiência de 12 anos na Fórmula Truck, o desenhista instalou no modelo um spoiler mais comprido, responsável por manter o bólido no prumo correto nas curvas. "Sem a peça, a frente fica boba nas entradas de curva e é necessário antecipar demais o ponto de frenagem, perdendo em velocidade", alerta Almeida.

O spoiler integra três entradas entradas de ar que assumem a função de auxiliar no resfriamento dos radiadores e dos intercoolers, que contam também com ventiladores extras, e também dos freios. Estes merecem um capítulo a parte: compostos por discos ventilados de grande diâmetro, as peças são refrigeradas a água para suportar as exigências de se desacelerar quase 5 toneladas ao longo de mais de 30 voltas. Atrás outras entradas de ar refrescam os discos traseiros, que ficam dentro das rodas, que calçam pneus com ranhuras.

E, para não esquecer o que dizia o poeta, a beleza também é fundamental. Além da nova pintura, que manteve o esquema vermelho, mas em um tom mais escuro e metalizado, e adicionou faixas mais sinuosas que parecem representar o fluxo de ar em torno da carroceria, o Stralis ganhou linhas mais arredondadas para temporada 2010. Os arcos das rodas perderam os recortes diagonais e a carenagem traseira com contornos musculosos parece estar esticada sobre os componentes mecânicos. As extensões laterais atrás das portas estão 30% maiores.

Funilaria pesada

As alterações dinâmicas não ficam atrás. O comportamento do caminhão é completamente diferente. O câmbio de 16 marchas dá lugar a um de seis velocidades. O objetivo é adotar uma mecânica mais compacta, que possa ser deslocada mais ao centro do chassi. O deslocamento deixa o conjunto de motor-transmissão em posição central-traseira do entre-eixos alongado em 5 cm, o que não alterou o comprimento total. Esse reposicionamento, que beneficia de sobremaneira o equilíbrio em curvas, é possível apenas pela reconstrução do chassi. No mesmo intento, o eixo dianteiro original é substituído por outro, originalmente de um ônibus, que tem uma largura semelhante ao eixo traseiro.

As modificações estruturais envolvem um trabalho extenso de funilaria. O assoalho é completamente reformado, tal como as caixas de rodas, vigas e as longarinas do robusto chassi, que recebe também novos suportes para suspensões, que são completamente ajustáveis de acordo com as exigências de cada circuito. O rebaixamento, que também tem uma função aerodinâmica, é expressivo. São 2,30 metros de altura, contra 4,30 m do original. A altura de rodagem é reduzida de 45 centímetros para apenas 15 centímetros.

Como beleza é fundamental, o Stralis de 2010 ganhou linhas mais arredondadas



Do original, fica apenas o painel traseiro da carroceria, que tem que ser feita em aço por obrigação do regulamento, com uma indispensável gaiola de segurança interna. O painel de instrumentos também é depenado e mantêm o essencial para os pilotos em um grupo de instrumentos (com velocímetro, conta-giros e manômetro) acima da coluna de direção, que termina em um volante de pequeno diâmetro.

Estratégia de equipe

Em busca da sua primeira vitória, a Iveco também investiu pesadamente no capital humano. Além do veterano piloto pernambucano Beto Monteiro, que está na F-Truck desde 2001 e se sagrou campeão em 2004, a equipe recebeu o reforço do mineiro Cristiano da Matta. O piloto, que foi campeão da Indy Lights em 1998 e da CART em 2002, chegou a correr na equipe Toyota de Fórmula 1. Desde agosto 2006, quando sofreu um grave acidentes durante treinos no circuito de Elkhart Lake, no Wisconsin, da Matta não participa de uma temporada completa.

Cristiano está empolgado para assumir o lugar atrás do volante na primeira prova da temporada, em Guaporé, Rio Grande do Sul, no próximo dia 7 de março. "Eu espero que em três ou quatro provas já esteja conseguindo tirar o máximo do equipamento", projeta da Matta. Para garantir o melhor desenvolvimento possível ao longo da temporada e um bom trabalho de equipe ao longo das etapas, a Iveco também contratou um novo Chefe de Equipe. Trata-se de Celso Antônio Jordão, que atua no automobilismo há 30 anos, com passagens pela Stock Car e DTM. "Em cinco ou seis corridas é o tempo necessário para desenvolver o caminhão", promete Celso. Tudo para honrar o DNA do grupo na categoria mais popular do automobilismo brasileiro.

* viagem feita a convite da Iveco