O mais tradicional palco do automobilismo no país comemorou 70 anos este mês. Em 12 de maio de 1940 era inaugurado na Região Sul da capital de São Paulo o Autódromo de Interlagos. O local escolhido para receber a pista formava um grande buraco, o que favorecia a visibilidade do público. O traçado original tinha 7.823 metros de extensão e os carros circulavam em sentido anti-horário. Esta característica é mantida até hoje, o que diferencia Interlagos da maioria dos circuitos atuais, que têm sentido horário.
Motivação
A construção do autódromo de Interlagos foi motivada por um acidente. Em 1936, durante a realização do Grande Prêmio de São Paulo, uma batida grave deixou quatro espectadores mortos e outros 37 feridos, quando a piloto francesa Helle-Nice perdeu a direção de seu carro após um toque com o carro do Barão de Teffé, representante brasileiro na prova. Helle-Nice foi hospitalizada em estado grave e escapou com vida por pouco. O episódio evidenciou a necessidade da construção de um local apropriado para a realização das corridas.
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Nome
O circuito passou a ser conhecido como Interlagos devido à sua localização, entre os lagos das represas Billings e Guarapiranga, ambas responsáveis pelo fornecimento de água à cidade de São Paulo. Mas o nome oficial é Autódromo José Carlos Pace, em homenagem ao piloto paulista que disputou temporadas de Fórmula 1 de 1972 a 1977. A carreira de Pace, também conhecido como "Moco", foi interrompida naquele ano em decorrência de um acidente fatal de avião. Moco tinha 32 anos.
Fórmula 1
Em 1973, Interlagos sediou pela primeira vez um Grande Prêmio de Fórmula 1. A partir daí, o Brasil sempre seria palco categoria, mas a pista paulista não esteve sozinha no calendário. As corridas de 1978 e do período entre 1981 e 1989 foram realizadas no Autódromo de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. Apesar da temporada fora da Fórmula 1, Interlagos é o circuito que mais sediou grandes prêmios de Fórmula 1 no país. Ao todo, foram 27. Destes, 7 foram vencidos por brasileiros. Ayrton Senna, Felipe Massa e Emerson Fittipaldi faturaram duas provas cada. José Carlos Pace conquistou uma.
Polêmica
Em 1989, o autódromo passou por profunda reforma para voltar a sediar as corridas da Fórmula 1. A pista foi alterada em alguns pontos, e a extensão total foi reduzida para 4.309 metros. Apesar das evoluções em prol da segurança e da organização das provas, até hoje gera polêmica o fato de as modificações impedirem a utilização do traçado original, mais apropriados para algumas categorias do automobilismo. O novo circuito não foi pensado como uma variante, de modo a permitir a realização de um ou de outro trajeto. Entretanto, a intervenção deu a Interlagos sua curva mais famosa: O "S" do Senna.
Nacionais
Pilotos e carros brasileiros sempre se destacaram no autódromo. Nas primeiras décadas, a pista era dominada pelas carreteiras, cupês Ford e Chevrolet da época, dotados de grandes motores V8. Apesar da origem estrangeira, os bólidos eram preparados aqui. Nos anos de 1960, as equipes Willys e DKW, mantidas pelas próprias montadoras instaladas no Brasil, fizeram história com seus veículos modificados para as corridas. Na década de 1970, foi a vez de outros modelos, como Opala e Maverick, travarem disputas acirradas nas curvas e retas do circuito. Entre os pilotos que fizeram bonito em Interlagos estão Chico Landi, Camilo Cristófaro, Catharino Andreatta, Bird Clemente e Wilson Fittipaldi.