UAI

Governo português quer que grupo brasileiro assuma controle da TAP

Publicidade
Foto:

A TAP faz ligações de 10 capitais brasileiras a 46 cidades europeias

Em 1986, o então presidente José Sarney fazia uma de suas viagens a Portugal. Entre as diferentes atividades não poderia faltar o tradicional jantar que a embaixada do país do visitante oferecia à sociedade local, retribuindo as honras recebidas. Naquele evento, diferentes diretores da Transportes Aéreos Portugueses (TAP) citavam a situação ruim em que se encontrava a empresa. A atuação dos sindicatos de classes tornava complicada a sua existência.

Durante anos, o governo foi buscando soluções paliativas. Buscou diferentes formas para manter a empresa funcionando. Em 1991, transformou-a em sociedade anônima de capital majoritariamente público. Em 1996, expediu as orientações estratégicas para a TAP do futuro, visando a sua %u201Cmodernização e recuperação%u201D. Em 2005, a razão social mudou para TAP Portugal e a companhia tornou-se membro da Star Alliance.

Ao ingressar na Comunidade Europeia (CE), o governo português teve que passar a cumprir as regras do bloco. A proibição da CE estrangulou a TAP. Como os governos dos Estados da Comunidade Europeia ficaram proibidos de promover o ingresso de recursos do Tesouro em suas empresas aéreas, aquelas que estavam descapitalizadas passaram a buscar alternativas. Esse é o caso da TAP, que está na fase final da preparação para a privatização.

Soma-se a isso a situação econômica em que se encontram diferentes países europeus, entre eles Portugal.

Depois de vender as estatais de energia EDP e REN, está chegando a vez de o país privatizar a sua empresa aérea, que por sinal é a que tem a maior participação no tráfego aéreo entre Brasil e Europa. A TAP liga dez cidades brasileiras a quarenta e seis cidades do continente europeu.

Há um nítido interesse do governo português de que um grupo econômico brasileiro assuma o controle da empresa aérea. A situação não é muito fácil, pois pelas regras da União Europeia as companhias aéreas que fazem parte do bloco não podem ter a maioria de seu capital votante nas mãos de uma empresa que esteja fora do continente. Uma empresa não europeia só poderá deter 49% do capital votante.

Enquanto se prepara para a privatização, a TAP ainda sofre a pressão dos sindicatos, que alegam que a empresa está saneada. Mas outros negócios, como a TAP Manutenção e Engenharia Brasil, que substituiu a VEM (Varig Engenharia e Manutenção), fazem o grupo acumular prejuízos. A venda dessa empresa também se encontra no rol de privatização.

Ainda que fosse possível ter o controle acionário da empresa aérea, o cenário atual não é favorável para as companhias brasileiras. As ligações de 10 capitais brasileiras a 46 cidades europeias seriam de real importância para a TAM, que se consolidaria como a empresa brasileira com maior participação no transporte aéreo de passageiros do Brasil para a Europa. Por serem pertencentes ao grupo Star Alliance, tudo se ajustaria bem. Estando com as suas energias canalizadas para a fusão com a LAN Chile, formando a Latam, o momento não é oportuno para a sua decisão.

O negócio poderia ser bom para a Gol, pois traria de volta a grandeza da Varig, que o governo Lula deixou quebrar, agora sob sua bandeira. A empresa parece não estar interessada no negócio, estando cuidando de sua reestruturação para fazer frente ao desequilíbrio de 2011. O seu foco está voltado para aumentar a participação da empresa americana Delta Airlines em seu capital acionário. A participação passaria dos atuais 3% para 20%, que é o máximo permitido por lei brasileira.

As demais empresas nacionais parecem não estar em situação de grandes voos. A Avianca poderia ser uma pretendente, mas é temeroso afirmar que ela seja uma empresa brasileira. A sua maior força está na Colômbia.

Em que pese o desejo de o governo português transferir a empresa para um grupo brasileiro, tudo indica que a TAP ficará sob o controle de um grupo estrangeiro. O Internacional Airlines Group (IAG), controlador da British Airways e da Iberia, já manifestou seu interesse. Por serem empresas membros do Oneworld e não da Star Alliance, espera-se que a United Airlines ou a Lufthansa venham a se manifestar para manter um parceiro na rota Brasil%u2013Europa.

A privatização da TAP é esperada para o fim deste ano. Ao que tudo indica, o seu controle permanecerá com operadores europeus.