Símbolos da especulação automotiva na década de 80, as Ferraris clássicas não param de valorizar. Como atesta o leilão da RM Auctions realizado no Hotel Ritz-Carlton em Amelia Island, Flórida. Foram três Ferraris clássicas vendidas por valores milionários. A mais barata foi uma 365 GTB/4 Daytona Spider (foto acima) de 1972, modelo conversível que foi celebrizado sob a forma de réplica - baseada sobre um Chevrolet Corvette - no seriado Miami Vice, vendida pela bagatela de US$ 1.017.500, o equivalente a R$ 1,84 milhão, dentro da estimativa prevista entre US$ 1 milhão e US$ 1,25 milhão. O esportivo está em perfeito estado e se destaca também por ter pertencido ao Edsel Ford II, neto de Henry Ford.
O sobrenome Daytona foi escolhido em razão dos três primeiros lugares obtidos pela Ferrari com os protótipos 330 P3 nas 24 Horas de Daytona de 1967, clássica prova realizada na pista da Flórida. Cada um dos cilindros do motor V12 de 4.390 cm³ tem 365 cm³ de volume, o que explica o batismo numérico. Os 352 cv de potência eram suficientes para levar o conversível da imobilidade aos 100 km/h em cerca de 5,5 segundos, com uma velocidade máxima de 270 km/h. Foram apenas 122 unidades do conversível produzidas entre 1968 e 1973.
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Mais caras foram as antecessoras da mítica Daytona: duas 275 GTB/4. A versão 1967 na cor cobre e carroceria em alumínio participou do Salão de Nova Iorque do mesmo ano trazida por Luigi Chinetti, piloto italiano várias vezes vencedor das 24 Horas de Lemans e Spa na década de 30 que se radicou nos Estados Unidos e se tornou o primeiro concessionário da Ferrari no país. O preço obtido pelo esportivo de Chinetti foi de US$ 1.265.000, cerca de R$ 2,29 milhões, pouco abaixo da expectativa. Com uma propulsor versão anterior do Colombo V12 de 3.286 cm³ (tal como na sucessora, a numeração de batismo foi dada pela capacidade de cada cilindro, 275 cm³), o esportivo contava com 300 cv para atingir 266 km/h.
Mas o grande destaque entre as representantes do cavalinho rampante foi a 275 GTB/4 do mesmo ano, pintada em uma linda cor amarela que evidencia a beleza das linhas da Berlinetta criada por Pininfarina. Ganhadora de vários concursos de elegância, a esportiva alcançou US$ 1.650.000, R$ 2,99 milhões em valores convertidos.
O mais caro de todos
Os três esportivos italianos auxiliaram a RM Auctions a conseguir um bom índice de 88% de vendas, em um acervo que incluiu clássicos das antigas, como um Dueseberg Model J Sport Berline com carroceria construída pela Murphy, que bateu o recorde entre os leiloados com a expressiva marca de US$ 1.705.000, mais de R$ 3 milhões.
A Murphy, uma encarroçadora de prestígio baseada em Pasadena, Califórnia, que fazia a cabeça das estrelas de cinema e poderosos do ensolarado estado do Oeste norte-americano. A companhia também fez a carroceria do outro Duesenberg leiloado, um conversível.
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O par de Duesenbergs Modelo J deram o tom otimista do evento, no qual foram esquecidos os efeitos perversos da crise econômica. Com um motorzão de oito cilindros em linha, ambos contavam com cerca de 265 cv, administrados por transmissões manuais de três marchas. O conversível de 1932 foi vendido por US$ 800 mil, cerca de R$ 1,4 milhão, bem abaixo do máximo esperado de US$ 1 milhão.
As versões equipadas com compressor volumétrico eram capazes de partir da imobilidade e chegar aos 100 km/h em menos de 9 segundos, com velocidade máxima superior a 220 km/h. A série, construída entre 1928 e 1937, é a mais apreciada da marca. Os modelos eram vendidos por um valor médio entre US$ 13 e 19 mil. Em valores atualizados, a quantia corresponde a expressivos US$ 1 milhão em valores atuais. Ou seja, um carro capaz de manter o seu valor mesmo passados.