Trocar as marchas de um Honda, marca reconhecida pela qualidade dos seus carros, também é um tormento para os ouvidos de Grey Ercole. Depois que comprou um New Fit LX zero quilômetro, em novembro do ano passado, o professor universitário convive com o mesmo rangido na embreagem relatado ao Veículos pelo também professor e proprietário de um New Civic LXS 2006, José Chequer Neto, em 29 de dezembro de 2010. “Ao trocar as marchas, o pedal de embreagem apresenta um ruído estranho, como um rangido de uma porta velha abrindo e fechando. Há cerca de dois meses procurei a Banzai, concessionária onde comprei o carro, e prometeram trocar o êmbolo da embreagem”, explica Ercole.
O reparo foi realizado, mas, de acordo com o professor universitário, o incômodo logo voltou a aparecer. “A embreagem funcionou perfeitamente durante uma semana, mas bastou chover para o rangido reaparecer. Parece que entra umidade no cilindro”, avalia o proprietário do Honda, que alega ainda que um consultor da autorizada disse estar ciente do problema e que a Banzai está trocando os cilindros de embreagem dos New Fit de quem reclama. “Meu carro está com 8 mil quilômetros rodados e, se não resolverem o problema, vou vendê-lo”, adianta.
Por outro lado, a Banzai diz não ter conhecimento de mais reclamações sobre rangidos na embreagem do Fit. A autorizada afirma que recebeu o carro de Ercole para diagnosticar o problema mais uma vez. “Ressaltamos, no entanto, que o referido veículo já foi retirado da concessionária pelo cliente com o problema solucionado”, informou a empresa. Segundo o professor universitário, nesse último serviço foi instalado um kit padrão da Honda para solucionar o problema.
OUTROS CASOS A exemplo dos relatos sobre o New Civic, proprietários de Fit reclamam na web do desgaste na embreagem. Em comum, ambos os modelos da Honda apresentaram problemas com baixa quilometragem.
O New Fit LXL 2009 de Rodrigo Gonzaga, de Rio das Ostras (RJ), começou a apresentar desgaste logo depois da primeira revisão, de 10 mil quilômetros. “Durante a revisão, nenhuma anormalidade foi detectada. No mesmo mês, o Fit começou a apresentar o problema, sendo levado a uma concessionária, que constatou defeito no conjunto da embreagem e fez um orçamento de R$ 2.500 para o reparo”, relata. Gonzaga então procurou a Honda, que negou o atendimento em garantia. “A fábrica alegou mau uso. Dirijo há mais de 10 anos e nunca troquei a embreagem de nenhum veículo anterior. Tive um Palio com mais de 100 mil quilômetros rodados”.
Também dono de um Fit, mas modelo LX e ano 2007, o paulistano Marco Antônio de Paula deixou o carro para conserto da embreagem aos 16 mil quilômetros. “Além de ter que ficar sem o carro por não sei quantos dias, ouvi a famosa frase ‘vamos avaliar para saber se não é mau uso’. Ora, como um carro de 16 mil quilômetros pode apresentar defeitos tão rápido?”, questiona Marco Antônio.
O QUE DIZ A HONDA A Honda se limitou a responder os casos envolvendo o Fit via assessoria de imprensa. O fabricante afirma que não modificou o cilindro mestre da embreagem, como fez nos New Civic produzidos a partir de 2011, e defende que “a embreagem é um item que sofre desgaste natural, que pode ser mais ou menos acentuado, dependendo da forma de condução, tipo de percurso, carga no veículo, entre outros”. Sobre os casos de Rodrigo Gonzaga e Marco Antônio de Paula, a Honda alega que depois de uma análise verificou que houve desgaste pelo tipo de utilização do carro e não por falha de produto, material e ou fabricação.