Duas vertentes diversas podem mudar a realidade em Belo Horizonte do carro branco, condenado a praticamente não existir como escolha para pessoa física (exceção aos modelos de luxo, para os quais o branco surge com toda a força), há mais de duas décadas, quando passou a ser adotado como táxi. Uma das possibilidades, que seria um projeto conjunto entre BHTrans e Belotur, é estudar-se uma forma de adesivar a lateral dos táxis, o que os diferenciaria dos veículos brancos em geral e daria uma identidade aos automóveis da capital. A outra proposta, em análise por técnicos da BHTrans, é dar ao motorista a opção de comprar o automóvel de qualquer cor e depois plotá-lo de branco. Esta resolveria o problema de revenda dos taxistas, mas não acabaria com o dilema enfrentado pelo carro branco em Belo Horizonte.
ÍCONE
A proposta de adesivagem seguiria mais ou menos a vertente do que é adotado hoje para os táxis lotação (brancos com setas verdes na lateral) e, uma vez que diferenciaria o táxi do carro branco comum, seria uma saída para consumidores que desejam ter um carro branco, mas não o compram com medo de serem confundidos com os táxis. A ideia seria desenvolver adesivos de identificação padronizados, valorizando os veículos de condução de passageiros da capital. Uma proposta antiga, que pode ganhar força com a proximidade da realização da Copa do Mundo no Brasil, já que, conforme admite a própria BHTrans, ao dar uma identidade aos táxis, eles podem se tornar ícones a exemplo de cidades como Londres e Nova York e até mesmo outras capitais do país. A BHTrans, no entanto, prefere não aprofundar no assunto, por se tratar de projeto da Belotur. Já a Belotur, atualmente em período de transição de cargos, confirma a ideia, mas considera prematuro para fazer comentários.
DISFARCE
Já a proposta de plotagem evolui. A sugestão partiu da Volkswagen, que pretende voltar a ganhar mercado entre os taxistas da capital. “O taxista compraria o carro de qualquer cor e seria todo plotado de branco, por fora. Isso seria benéfico para o motorista, que, hoje, na hora de revender o veículo, vende-o barato por não ter mercado para o carro branco aqui em Belo Horizonte e ainda fica sujeito a atravessadores. Mas, ao abrir a porta, o passageiro veria que o carro é de outra cor e isso poderia dar um aspecto ruim”, comenta a diretora de atendimento e informação da BHTrans, Jussara Bellavinha. “De qualquer forma, a proposta está sendo analisada”, continua.
A pedido da montadora, a concessionária Mila plotou um Voyage cinza vulcan e o deixou na BHTrans para testes. “Eles viram a qualidade da plotagem, que é muito boa. E o visual ficou perfeito”, garante o diretor da Mila, Antônio João Teixeira, responsável, em nome do fabricante, pelas negociações com a BHTrans. Segundo ele, além de resolver o problema da revenda – na hora de vender é só retirar a plotagem –, o fato de o taxista poder comprar o carro de qualquer cor permitiria um ganho de agilidade na compra, com mais produtos à disposição.
Proposta com a qual comunga o sindicato dos taxistas Sincavir: “O nosso problema é a revenda. Essa proposta de comprar o carro de qualquer cor e plotar de branco é muito boa, mas outro tipo de plotagem/adesivagem não resolve o problema, pois o carro continuaria a ser branco e vendê-lo é difícil”, avalia o diretor-presidente do sindicato, Dirceu Efigênio Reis. Opinião com a qual concorda o revendedor de veículos Marcelo Maria de Souza, sócio da ADM Automóveis: “O branco como carro de trabalho não tem problema; de passeio, é complicado. O branco já virou um ‘carma’ em Belo Horizonte, acho que essa adesivagem não faria diferença”.
Análise da notícia:
Além de o táxi branco praticamente inviabilizar o uso dessa cor por particulares ainda dificulta a visualização pelos usuários. O ideal seria que fosse plotado com cores extravagantes para se destacar na multidão e adesivos refletivos para ser identificado à distância, principalmente à noite. (Paulo Eduardo)