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Convence pelo conjunto

Chevrolet Cruze Hatch LTZ 1.8 agrada pela dirigibilidade, conforto e bom pacote de itens de série, porém preço salgado pode comprometer participação no concorrido segmento

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Foto:

Hatchback médio tem a frente robusta, com faróis de formas retilíneas e ampla grade


Depois do não tão bem-sucedido Vectra GT, a General Motors volta a atacar no segmento de hatches médios com o Chevrolet Cruze, que, para se diferenciar do sedã, foi batizado como Sport6. A ideia era dar ao modelo uma imagem de esportivo, com visual marcado pela robustez e o atrativo do câmbio de seis marchas. Porém, o resultado foi um pouco diferente do esperado. O carro realmente tem estilo, com um desenho equilibrado que sugere esportividade, mas o desempenho proporcionado pelo motor 1.8 está longe de entusiasmar até mesmo os mais otimistas. Na verdade, o Cruze hatch agrada pelo conjunto e dirigibilidade, porém o preço é alto, apesar de ter um bom pacote de itens de série.

SEM IDENTIDADE Curiosamente, o Cruze hatch recebeu o nome de Sport6, mas não traz essa denominação nem mesmo no documento. Testamos a versão LTZ, topo de linha, e o modelo tem exatamente a mesma frente do sedã, com ampla grade tipo colmeia e a tradicional gravata dourada da marca no centro. Os faróis de duplo refletor têm formas retilíneas e invadem as laterais, acompanhando os vincos do capô e enfatizando a robustez. Na parte inferior do para-choque estão as entradas de ar e os faróis de neblina com molduras cromadas. Mas a frente é baixa e raspa com frequência em saída de rampas. O desenho da carroceria segue com a acentuada inclinação do para-brisa e o teto arqueado com significativa descaída na traseira. A traseira também é robusta, marcada por lanternas triangulares e colunas largas, que prejudicam a visibilidade traseira. E com 4,51m de comprimento e 2,09m de largura, o hatch não é muito prático em manobras e exige vaga de garagem mais ampla. As rodas de liga leve aro 17 polegadas complementam o toque de esportividade no visual.

POR DENTRO O interior do Cruze hatch tem espaço ideal para quatro pessoas, já que o banco traseiro acomoda com conforto dois passageiros, apesar de ter três apoios de cabeça e cintos de segurança retráteis de três pontos. A posição de dirigir é boa, favorecida por banco com abas laterais e ajuste de altura. Faltou apenas o ajuste lombar. O porta-malas também tem bom espaço para bagagem.


ACABAMENTO Os comandos elétricos dos vidros e retrovisores estão bem localizados no painel das portas e os demais são facilmente acessados no painel principal. Os instrumentos são de fácil visualização e o motorista conta com informações do computador de bordo e do GPS, inserido na parte central do painel. O volante, com ajuste de altura e distância, tem boa pega. O acabamento interno é de boa qualidade, com couro nos bancos e material emborrachado no painel.

DIRIGIBILIDADE O hatch médio da GM pode não ser um esportivo de fato, mas é um carro gostoso de dirigir. O motor 1.8 é eficiente, com bom torque e potência, garantindo arrancadas e retomadas de velocidade com segurança. Destaque para o câmbio de seis velocidades, que tem alavanca bem posicionada, com engates precisos e bom escalonamento das marchas. Apenas a segunda poderia ser um pouco mais curta, mas não chega a comprometer o bom aproveitamento da força do motor. Na cidade, o computador de bordo registrou um consumo médio de 8,5km/l com gasolina e 4,7km/l com etanol. Já na

FIRME As suspensões privilegiam a estabilidade, mantendo firmeza em curvas, mas transferem as irregularidades do solo para dentro, causando certo desconforto quando sobre pisos irregulares. A direção foi bem calibrada, mas o diâmetro de giro exige maior esforço nas manobras em espaços apertados. O sistema de freios, com ABS, distribuição eletrônica de frenagem (EBD) e assistência de frenagem de urgência (PBA), atuou de forma eficiente, garantindo segurança mesmo em situações de emergência. O Chevrolet Cruze pode ser uma boa opção para quem procura um hatch médio, mas o seu preço é um pouco salgado e corre o risco de espantar a freguesia.


Avaliação técnica do Cruze: positivo, regular ou negativo?

Acabamento da carroceria

As quatro portas estão desniveladas entre si e em alguns pontos com a carroceria. A tampa do porta-malas está descentralizada e desnivelada, assim como o capô. A pintura contém alguns pontos com impurezas. As pestanas com friso cromado dos vidros das portas do lado direito estão bem desalinhadas entre si. - NEGATIVO

Vão do motor

O acesso à manutenção é satisfatório e os itens de verificação permanente têm fácil identificação e manuseio. O resultado da insonorização em relação o habitáculo é razoável. O capô tem bom ângulo de abertura. POSITIVO

Altura do solo

Tem chapa em aço para toda a zona inferior do motopropulsor. Numa condução mais prudente, sobre piso irregular usual (asfalto, terra e paralelepípedo), não foram reveladas interferências significativas com o solo, assim como em saídas de garagem com desnível e na transposição de quebra-molas. POSITIVO

Climatização

É automático digital. A caixa de ar tem seis velocidades e cinco opções de direcionamento do fluxo. Apresentou bom funcionamento com boa vazão pelos quatro difusores do painel, que têm boa angulação, mas não têm saída especifica para os passageiros de trás, nem opção de regulagem diferenciada de temperatura para condutor e passageiro. Está bem vedado. POSITIVO

Freios

O pedal de freio tem sensibilidade e relação razoáveis. Apresentou bom comportamento dinâmico no uso misto e o ABS atuou com eficiência. O freio de estacionamento funcionou bem. A desaceleração foi eficaz tanto pelo tempo percorrido até a imobilização quanto pela manutenção da trajetória. POSITIVO

Câmbio

A qualidade de engate é boa em precisão, maciez, curso e posição da alavanca. As relações de marcha/diferencial têm boa definição em função do peso de 1.436kg dessa versão e performance do motor. Em sexta marcha a 110km/h o motor gira a 2.700rpm. POSITIVO


Motor

A sua curva de potência e torque não é muito favorável numa dirigibilidade normal e dentro dos limites de velocidade em relação à rotação correspondente (6.300rpm /potência e 3.800rpm /torque), mas atende. Não tem brilho esportivo, porém proporciona boa dinâmica. A rumorosidade de funcionamento é aceitável para um multiválvulas. O sistema flex funcionou bem e com somente álcool no tanque tem ganho significativo de rendimento. POSITIVO
    
Vedação

Boa contra água e poeira. POSITIVO

Nível de ruídos internos

O efeito aerodinâmico é baixo, assim como os ruídos no habitáculo. REGULAR

Suspensão

O conforto de marcha é razoável, com nível aceitável das transferências das imperfeições do solo para dentro. A estabilidade é boa, contornando curvas em velocidade elevada com pouca inclinação da carroceria. Numa condução bem esportiva, conta com auxílio de sistema eletrônico de estabilidade e tração. REGULAR

Direção

A assistência é elétrica, com cargas bem definidas para o uso urbano/manobras de garagem e em rodovias. O volante tem boa pega e a coluna de direção ajuste manual em altura e distância, com ótimo curso. A precisão na reta e em curvas é muito boa, e são diretas as reações, mas o eixo traseiro acompanha bem. O diâmetro de giro com 10,65m atende, assim como a velocidade do efeito/retorno. POSITIVO

Iluminação

Tem sensor crepuscular e luz de cortesia no porta-malas, porta-luvas e para-sóis. Os faróis têm construção com parábola simples, apresentaram eficiência normal no baixo/alto e contam com ajuste elétrico de altura em função da carga transportada e auxiliares de neblina. A iluminação do habitáculo é composta por uma lanterna no centro do teto e dois spots fixos junto ao retrovisor, com bom resultado. O console central, quadro de instrumentos, que tem iluminação permanente, e interruptores elétricos nos painéis das portas têm boa identificação noturna. POSITIVO


Estepe/macaco

O estepe está instalado dentro do porta-malas e é especifico para pequenos deslocamentos e com velocidade máxima de 80km/h. A operação de troca é normal, mas é necessário soltar as tampas plásticas que compõem a minissaia para receber o macaco. Não tem porca autoadaptadora antifurto. Ao ter que usar o estepe em uma viagem longa, além de alterar completamente o comportamento dinâmico do veículo, será necessário consertar o pneu/roda danificado. Ao colocar o conjunto de uso danificado no local específico no assoalho do porta-malas, o seu nivelamento fica totalmente comprometido e vai incomodar se o compartimento estiver lotado. NEGATIVO

Limpador do para-brisa

Tem sensor de chuva. São seis os esguichos no para-brisa, que têm boa vazão e pressão, e as palhetas de qualidade varrem ótima área, facilitando o campo de visão. No vidro traseiro, o sistema é também eficiente. É fácil o acesso ao reservatório de água instalado dentro do vão do motor. POSITIVO

Ferramentas

Tem uma chave de fenda combinada com Phillips. POSITIVO

Alarme

A chave de ignição é do tipo canivete e não existe comutador de ignição para inseri-la, já que o sistema reconhece a sua proximidade e libera o botão start/stop instalado no painel, depois de pisar na embreagem. Tem proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica contra a invasão pela quebra dos vidros. Tem função um toque para descer os quatro vidros, mas somente os dianteiros para subir. O sistema antiesmagamento atuou com precisão. REGULAR

Volume do porta-malas

O declarado é 402 litros e o encontrado foi 385 litros com o banco traseiro na posição normal, tampa do bagagito montada e fechada, e fechamento normal da tampa traseira.

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Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan

Palavra de especialista
Tiro certo da GM

DANIEL RIBEIRO FILHO (ENGENHEIRO)

O antigo Vectra GT, perto desse substituto, lembra um Celtão. O Cruze hatch é lindo, alinhado e com traço da carroceria muito bem desenhado. É superior em estilo/design a quase todos nacionais e importados no seu segmento. O habitáculo tem bom acabamento, com bons materiais e encaixes, mas a habitabilidade do banco traseiro é muito limitada para adultos. A sua condução é prazerosa, sem destaque esportivo, mesmo com esta motorização, mas se tivesse um motor 2.0 derivado do 1.8 Ecotec, com ganho significativo de potência e torque, seria mais eficiente. O automóvel freia bem, é estável e a direção segura e rápida. As suspensões mereciam melhor calibração, visando o conforto. O câmbio manual com seis marchas facilita bem a dinâmica na dirigibilidade e auxilia no consumo de combustível. O pacote de segurança passiva, ativa e conforto é farto.