O estilo das eras passadas está cada vez mais presente em modelos retrôs. Só que existem tendências que ainda não retornaram, como é o caso dos conversíveis de quatro portas. Praticamente extintos na década de 1960, estes elegantes carros abertos foram homenageados pelo Cadillac Ciel. Apresentado na semana automotiva de Pebble Beach – o maior e mais charmoso evento de veículos antigos do mundo –, o conceito não se sentiu estranho diante de tantos antigos, já que é longo, largo e baixo como um Lincoln Continental 1961. A Cadillac não tem um do tipo desde 1941. Inclusive nas dimensões transatlânticas: são 5,17 metros de comprimento, medida de picape média cabine dupla, que se somam à largura de 1,96m, à distância entre-eixos longa, 3,17m, e à altura de apenas 1,27m.
O tom retrô passou longe do cofre do motor, onde o atual V6 3.6 com injeção direta da marca ganha dois turbos e aparece conjugado a outro motor elétrico alimentado por baterias de íons de lítio, formando tração integral. No total, são 430cv de potência e 59,4kgfm de torque, valores que não deixam saudade do passado. Para desfilar sem culpa, já que em baixa velocidade o Ciel roda só com eletricidade. O estilo é agressivo, com dianteira mais alta que a traseira. O capô maciço dá o tom agressivo de cruzador de rodovias, aspecto reforçado pela ampla grade cromada em forma de escudo e pelas rodas aro 22 em pneus 265/35. Em homenagem aos Cadillac das décadas de 1960 e 1970, os faróis e lanternas são verticalizados, só que agora em LEDs. Tudo dentro da linguagem de estilo da Cadillac, batizada como “arte e ciência”.
ROMANTISMO Com espaço para quatro passageiros – ou dois casais, na visão do fabricante –, o interior é romântico na iluminação indireta e no uso de muito couro e madeira. Só que deixa os pombinhos comportadamente separados por um console central flutuante. O acesso também é feito à moda antiga: as portas traseiras são do tipo suicida, com abertura invertida. O toque artesanal é dado pelos painéis de porta, que comportam porta-objetos inspirados em bolsas de grife, com zíper e tudo.
A apresentação sob o sol da Califórnia faz sentido: poucos cenários eternizaram mais esses carros, atualmente lembrados apenas em desfiles. O clima ensolarado não serviu apenas como inspiração: além de refrigeração, os designers embutiram nos bancos uma gaveta com filtro solar, óculos escuros e toalhas. Sem falar no aromatizante controlado no encosto de braço traseiro. Mas se o clima mudar, os ocupantes dos bancos traseiros podem puxar uma tira de couro que estica um cobertor de casemira sobre a área. Luxo pouco é bobagem num estilo criado para desfilar.