De Mogi das Cruzes, SP - A convivência cotidiana promete ser tranquila, amparada no bom ajuste de suspensão, que amortece irregularidades e repassa para o interior apenas rumores. Mérito da elevada rigidez estrutural, que se reflete em curvas, passagens de quebra-molas e em outras situações, promessa de solidez. O nível de ruído só se anuncia por parte do motor na versão básica, o que diminui na versão automática e praticamente não faz diferença no 2.0 TSI, que trabalha liso e macio até 7 mil rpm.
A posição de dirigir é encontrada com facilidade, graças às regulagens amplas de banco - que inclui ajuste de altura para o motorista - e do volante em altura e profundidade. Falando em volante, trata-se da conhecida peça de três raios com comandos integrados que equipa outros modelos da VW, de ótima pega. O quadro de instrumentos também é amigável, com quatro relógios contra apenas dois do norte-americano. Em relação ao bem-estar, colabora também alguns opcionais. Além do teto solar, há também o sistema de som opcional com oito alto-falantes e tela sensível ao toque, que mostra informações de outros sistemas, como a ventilação e sensores de estacionamento e que vai receber a opção de GPS em junho.
Já o espaço interno, só tem críticas no lugar destinado ao passageiro central, que conta com bom espaço para ombros e cabeça (um pouco menos quando equipado com teto solar), mas sofre um pouco com as pernas, em razão do túnel central elevado. Detalhe de projeto que, por outro lado, eleva a rigidez e abre passagem para uma futura versão 4motion. De resto, bom espaço para os outros quatro passageiros, sem dificuldades de acesso ou acomodação.
ANDANDO O veterano motor 2.0 de 120cv e 18,3kgfm – a etanol – mostra-se pacato. O câmbio manual de cinco marchas dá um pouco mais de celeridade, enquanto o bom automático de seis velocidades se esforça para aproveitar o rendimento do propulsor, no que ajudam as trocas sequenciais. A aceleração aos 100km/h fica nos 10segundos no manual e 12s no automático, com velocidade máxima de 202km/h e 198km/h, respectivamente, números que parecem ser otimistas. A suspensão traseira por eixo de torção, comum em rivais do segmento (como Toyota Corolla e Nissan Sentra, para citar dois), está adequada para a proposta do carro, que segue trajetórias com precisão. O controle eletrônico de tração, de série, dá uma mão bem-vinda, enquanto a direção precisa deixa o carro sob controle em qualquer velocidade. Ajudam também as rodas aro 16 em pneus 205/55. Os freios a discos ventilados na dianteira e sólidos na traseira tem ABS e distribuição eletrônica da força de frenagem, garantindo desacelerações rápidas, sem afundar a frente ou apresentar desvio de trajetória.
O desempenho do Comfortline é bem diferente do Highline 2.0 TSI, que chega aos 100km/h em 7,3s e vai aos 238km/h, no que ajuda o torque de 28,5kgfm já a 1.700rpm e pelo rápido câmbio DSG manual automatizado de dupla embreagem e seis marchas. Não deixa saudade da dupla anterior, no caso o 2.5 20V cinco em linha aspirado de 170cv e 24,5kgfm a 4.250 giros e câmbio automático de seis velocidades. Mostra-se suficiente para deixar bem para trás a atual Jetta Variant, que foi reestilizada para ficar parecida com a identidade visual introduzida na sexta-geração do Golf europeu.
O despejo de força é equilibrado pelo bloqueio eletrônico do diferencial, que faz dupla com a suspensão multilink para garantir agilidade em curvas. Um lobo em pele de cordeiro, capaz de satisfazer os donos do Jetta anterior e, de quebra, não chamar atenção para o desempenho, entregue apenas nas rodas aro 17 em pneus 225/17 e pelo emblema TSI. Terá uma missão mais fácil que seu irmão mais barato, tratado como outro produto pela VW, já que o único rival, o declaradamente esportivo Honda Civic Si, não deve ver a próxima geração.