Que o nome Gol é uma grande jogada de marketing no país do futebol, não há dúvida. Desde que a Volkswagen adotou a denominação do momento maior do futebol para seu carro, em 15 de maio de 1980, gerações de artilheiros já vestiram a camisa da Seleção Brasileira, de Serginho Chulapa a Luís Fabiano, passando por Careca, Romário, Ronaldo e muitos outros. Nesse intervalo, os brasileiros choraram derrotas em cinco Copas do Mundo e comemoram outras duas, enquanto a VW produziu 6 milhões de unidades, sendo a maior parte (cinco milhões) vendida no Brasil, fazendo do Gol o carro mais comercializado do país. Mas, assim como o futebol, o carro mudou muito nos últimos 30 anos. Se comparado com o automóvel que foi lançado em 15 de maio de 1980, só restou o nome.
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No volume três do livro A história do automóvel (Editora Alaúde), o jornalista José Luiz Vieira explica as adaptações por que o motor boxer 1.3, derivado do Fusca, teve que passar para ser colocado no Gol à época do lançamento: "O motor é do tipo quatro cilindros contrapostos refrigerado a ar do Fusca, com modificações extensas no cabeçote e no sistema de refrigeração. Passar o motor para a frente não foi fácil, ou mesmo simples: os cilindros dianteiros tendiam a ficar refrigerados demais e os traseiros, de menos. A homogeneização da temperatura levou meses seguidos de estudos e experimentos, até chegar ao uso de uma ventuinha coaxial de sete pás plásticas, com alma metálica, montada dentro de um painel-guia. A suspensão é muito parecida com a do Passat, com a manutenção do raio negativo de rolagem. A velocidade máxima, cronometrada em 131,7km/h, é fraca, mas ainda assim melhor do que a do Fusca. A falta de fôlego do 1300 fica também evidenciada no consumo a velocidades um pouco mais altas, entre 120km/h e 130km/h: 10,3 km/litro. A 80km/h constantes, ele se vinga, fazendo 15,8 km/litro. Em uso urbano pesado, um litro a cada 8,3 quilômetros, e em uso urbano leve, 9,6 quilômetros".
Família
O projeto do Gol, que começou a ser desenvolvido em 1976, foi o primeiro veículo da VW concebido para dar origem a uma família: Voyage, Parati, Saveiro. Até 1994, quando o Gol chegou à segunda geração, o ?Bolinha?, ocorreram muitas mudanças, como a introdução da injeção eletrônica na versão GTI, de 1989. Em 1999, veio a geração III, que apresentou motor 1.6 flex, em março de 2003. Em 2005, surgiu a geração quatro e, em 2008, a atual. Comparar o Gol de hoje com o de 1980 seria como comparar o time treinado por Telê Santana, que disputou a Copa do Mundo de 1982, na Espanha, com jogadores como Leandro, Luizinho, Júnior, Falcão, Cerezo, Sócrates, Éder e Zico com o atual, que disputará a próxima Copa do Mundo, na África, treinado por Dunga, São totalmente diferentes, além de atuarem em campos distintos. Em todo caso, o Gol atual tem opções de motor 1.0 e 1.6, ambos flex, refrigerados a água.
Aura
O presidente do Clube do Gol Quadrado (Veja também a versão comemorativa do Gol criada pela Volkswagen.), Fábio Vinícius, entende que aspectos estéticos e de design foram modificados, mas que muitos detalhes ligam o carro além do nome. O principal, segundo ele, são os fãs. O clube tem 16 mil cadastrados no Brasil e Fábio diz que é muito comum os filiados terem um Gol atual como carro de uso e um outro, geralmente 1988 ou 1989, que modificam e deixam com aspecto esportivo, como segundo carro.
O clube do Gol² ? lê-se clube do Gol quadrado ? de Minas Gerais (www.clubdogol.net.) foi fundado há três anos. Roney Peixoto, um dos fundadores e atual presidente, explica que a ideia foi criar uma filial do clube nacional, mas que hoje os fãs do VW em Minas já compõem o segundo maior do país, com cerca de 3,7 mil cadastrados. ?Começou somente com proprietários de Gol quadrado, mas, com o tempo, alguns vendiam o carro e compravam as novas gerações do Gol e continuaram no clube. O objetivo é mais que somente ter o carro: é fazer amizade, participar de diferentes formas e, inclusive, fazer ações sociais?, explica Roney.
Os encontros acontecem todos os meses, principalmente na Praça do Papa, no Bairro Mangabeiras, na Região Centro-Sul, embora o último tenha sido na Pampulha. O motivo do apreço dos milhares de proprietários pelo mesmo modelo, segundo Peixoto, é que o Gol quadrado é um modelo com várias versões esportivas, como GTI e GTS, e que ganhou notoriedade, principalmente, por causa da primazia do uso da injeção eletrônica de combustível. Além do apelo esportivo, Peixoto destaca que manter um Gol quadrado é acessível ao bolso de muitas pessoas. No ano passado, o pessoal do clube reuniu sete modelos do Gol GTI com as cores do modelo para uma sessão de fotos.