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A festa dos antigos

Além das centenas de automóveis, havia barracas de peças, antiquários, acessórios, literatura e muitos artefatos do passado. Nem a chuva torrencial arrefeceu os ânimos

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Foto:

Graham Paige de 1928 (D) foi eleito Best of Show em Lindoia. Ao lado, o Hupmobile de 1928


Nem a chuva que caiu sobre a cidade no fim da semana passado conseguiu apagar o brilho do 17º Encontro Paulista de Automóveis Antigos, promovido pelo casal Edenise e Nilson Carratu: centenas de veículos, barracas de peças e automobília, antiquários e um público estimado em mais de 100 mil pessoas mostraram que o antigomobilismo não para de crescer no país, chova ou faça sol...

Na verdade, houve menos automóveis nesta edição do evento, pois o casal Carratu decidiu – a partir deste ano –  retirar do encontro de antigos os hot-rods – carros antigos com mecânica moderna. E marcou a festa das “feras” para agosto. Mesmo assim, foram mais de 300 relíquias antigas levadas por colecionadores de todo o país, e outro tanto exibido em estandes para venda.

O encontro de Águas de Lindoia já se firmou como o grande evento comercial de antigos. Quem quer comprar um automóvel, moto, jipe, picape ou caminhão não volta de lá com as mãos abanando. Tem de tudo para todos os gostos e bolsos. Por outro lado, quem está restaurando um veículo ou decorando sua garagem dificilmente não encontra a peça ou acessório procurado.

Tatraplan, 1950


"VENDE-SE"

Nesta 17ª edição, o evento cristalizou sua vocação para o comércio de tal forma que os melhores e mais valiosos automóveis não estavam expostos por colecionadores, mas pelos lojistas. O carro mais raro em Lindoia era um Horch 1939 conversível, a ser recuperado, oferecido por João Siciliano, da JS Automóveis. Por outro lado, na barraca Alfa Service eram oferecidos um “Tempo Matador”, de 1948, famosa picape alemã, e uma elegante lancha antiga de madeira, uma Skinboat, de 1968, fabricada nos estaleiros Max. Outro automóvel raro e valioso à venda era um norte-americano Cord, de 1936, que já foi Best of Show em Lindoia. Na sua frente, um Cadillac, de 1925, preparado para competição. Muitos automóveis valiosos para restaurar, como um Rolls-Royce 1923 e um raro Buick da década de 1950, conversível, completamente enferrujado, oferecido por R$ 50 mil.

Desnecessário lembrar que, nas ruas da cidade próximas ao encontro, outras dezenas de automóveis foram oferecidos com os tradicionais cartazes ou pintura “Vende-se” com preço e telefone. O dono de um Fusca bem conservado que mora lá deve ter sido tão assediado que colou no vidro o cartaz “Não vendo”...

E cerca de 300 barracas com peças, livros, acessórios e equipamentos de automóveis, antiquários, material militar, cartazes, bombas e calibradores de postos antigos, lambretas, bicicletas, telefones, miniaturas e qualquer outro artefato do passado.

Tempo Matador, famosa picape alemã de 1948, era outro modelo a ser restaurado


CHUVA

No espaço reservado aos colecionadores, entre os poucos que se destacavam estavam um Graham Paige 1928 (acabou eleito Best of Show), um Hupmobile de 1923, um Rolls-Royce Phantom de 1935, um Chevrolet Nomad de 1959, um Talbot de 1923 e um Cadillac limusine de 1929.

São Pedro não deve gostar de carro antigo, pois foram raros os momentos de sol em Águas de Lindoia. O encontro foi de sexta-feira, dia 27, até o feriado de 1º de maio, na terça. Sábado e domingo não parou de chover um minuto. A dona de uma butique estava feliz com o movimento de capas de plástico, que ela comprou por R$ 0,30 a unidade e vendeu dezenas por R$ 15 cada uma...

Harch, 1939


Todos os espaços para a exposição (e venda) de automóveis eram no gramado que faz o ( belo) paisagismo de Burle Marx da praça principal da cidade. Milhares de metros quadrados de pura lama.

Como a festa da premiação na segunda, dia 30, à noite, seria ao ar livre, a organização do evento decidiu promovê-la dentro do Hotel Monte Real, projetando fotos dos veículos premiados em vez do tradicional desfile. Só os quatro automóveis que receberam os mais importantes prêmios marcaram presença ao vivo.