Nem a chuva que caiu sobre a cidade no fim da semana passado conseguiu apagar o brilho do 17º Encontro Paulista de Automóveis Antigos, promovido pelo casal Edenise e Nilson Carratu: centenas de veículos, barracas de peças e automobília, antiquários e um público estimado em mais de 100 mil pessoas mostraram que o antigomobilismo não para de crescer no país, chova ou faça sol...
Na verdade, houve menos automóveis nesta edição do evento, pois o casal Carratu decidiu – a partir deste ano – retirar do encontro de antigos os hot-rods – carros antigos com mecânica moderna. E marcou a festa das “feras” para agosto. Mesmo assim, foram mais de 300 relíquias antigas levadas por colecionadores de todo o país, e outro tanto exibido em estandes para venda.
O encontro de Águas de Lindoia já se firmou como o grande evento comercial de antigos. Quem quer comprar um automóvel, moto, jipe, picape ou caminhão não volta de lá com as mãos abanando. Tem de tudo para todos os gostos e bolsos. Por outro lado, quem está restaurando um veículo ou decorando sua garagem dificilmente não encontra a peça ou acessório procurado.
"VENDE-SE"
Nesta 17ª edição, o evento cristalizou sua vocação para o comércio de tal forma que os melhores e mais valiosos automóveis não estavam expostos por colecionadores, mas pelos lojistas. O carro mais raro em Lindoia era um Horch 1939 conversível, a ser recuperado, oferecido por João Siciliano, da JS Automóveis. Por outro lado, na barraca Alfa Service eram oferecidos um “Tempo Matador”, de 1948, famosa picape alemã, e uma elegante lancha antiga de madeira, uma Skinboat, de 1968, fabricada nos estaleiros Max. Outro automóvel raro e valioso à venda era um norte-americano Cord, de 1936, que já foi Best of Show em Lindoia. Na sua frente, um Cadillac, de 1925, preparado para competição. Muitos automóveis valiosos para restaurar, como um Rolls-Royce 1923 e um raro Buick da década de 1950, conversível, completamente enferrujado, oferecido por R$ 50 mil.
Desnecessário lembrar que, nas ruas da cidade próximas ao encontro, outras dezenas de automóveis foram oferecidos com os tradicionais cartazes ou pintura “Vende-se” com preço e telefone. O dono de um Fusca bem conservado que mora lá deve ter sido tão assediado que colou no vidro o cartaz “Não vendo”...
E cerca de 300 barracas com peças, livros, acessórios e equipamentos de automóveis, antiquários, material militar, cartazes, bombas e calibradores de postos antigos, lambretas, bicicletas, telefones, miniaturas e qualquer outro artefato do passado.
CHUVA
No espaço reservado aos colecionadores, entre os poucos que se destacavam estavam um Graham Paige 1928 (acabou eleito Best of Show), um Hupmobile de 1923, um Rolls-Royce Phantom de 1935, um Chevrolet Nomad de 1959, um Talbot de 1923 e um Cadillac limusine de 1929.
São Pedro não deve gostar de carro antigo, pois foram raros os momentos de sol em Águas de Lindoia. O encontro foi de sexta-feira, dia 27, até o feriado de 1º de maio, na terça. Sábado e domingo não parou de chover um minuto. A dona de uma butique estava feliz com o movimento de capas de plástico, que ela comprou por R$ 0,30 a unidade e vendeu dezenas por R$ 15 cada uma...
Todos os espaços para a exposição (e venda) de automóveis eram no gramado que faz o ( belo) paisagismo de Burle Marx da praça principal da cidade. Milhares de metros quadrados de pura lama.
Como a festa da premiação na segunda, dia 30, à noite, seria ao ar livre, a organização do evento decidiu promovê-la dentro do Hotel Monte Real, projetando fotos dos veículos premiados em vez do tradicional desfile. Só os quatro automóveis que receberam os mais importantes prêmios marcaram presença ao vivo.