O nome Ténéré, o desafiador deserto no Norte da África, é uma espécie de marco para a Yamaha. Em 1979, a marca japonesa venceu a primeira edição do badalado rali Paris-Dakar com o modelo XT 500, que havia sido lançado em 1976, inaugurando o segmento das big trails. Ao perceber o potencial deste vigoroso mercado, a fábrica encampa a partir de 1982 o nome a seu modelo XT 600, que assume ares aventureiros, sugeridos pelo batismo. Em 1988, a moto desembarca no Brasil, mas logo sobe no telhado, apesar do prestígio mundial. Em 2008, ela é relançada na Europa, para voltar ao Brasil a partir de 2011, com mecânica baseada na XT 660R, que já era comercializada no Brasil.
Curiosamente, o Brasil passa a ser o único mercado do mundo com a família Ténéré completa, constituída pelos modelos 250 e 660 nacionais, e pela Super Ténéré 1200, importada. A irmã do “meio” chega ao Brasil, nacionalizada em Manaus, beneficiada pela já implantada logística de abastecimento de peças e manutenção da prima XT 660R, com a qual divide o conjunto mecânico. As duas, entretanto, vão conviver pacificamente, ocupando nichos de mercado distintos e com preços diferentes. Para não haver dúvidas, o visual também é completamente diverso, bem como itens de ergonomia e componentes mecânicos, como freios, balança da suspensão traseira e quadro.
TÉCNICA A XT 660Z Ténéré é equipada com propulsor de um cilindro, que tem injeção eletrônica, refrigeração líquida e quatro válvulas e desenvolve 48cv de potência (a 6.000rpm) e 5,95kgfm de torque (a 5.500rpm). Apesar do motor monocilíndrico, o modelo mantém um escape com dupla ponteira retangular sob o banco, o que pode confundir os mais desavisados, já que a moto tem porte bastante avantajado, principalmente se comparada a modelos com mais de um cilindro. A suspensão dianteira é do tipo telescópica, com 210mm de curso e uma antiquada capa sanfonada, para proteção das canelas. O conjunto traseiro é do tipo mono, com 200mm de curso. Ambas são reguláveis. A balança da suspensão traseira em alumínio é muito mais moderna e leve que a equivalente da XT 660R, em aço.
O tanque segue a vocação aventureira e tem capacidade para 23 litros, proporcionando boa autonomia, embora eleve o peso e o centro de gravidade. Para resolver parcialmente o problema, parte do tanque fica embaixo do banco. A Ténéré 660 incorpora um para-brisa, para melhorar o conforto aerodinâmico; e uma carenagem, que abriga o conjunto óptico com faróis empilhados; e práticas proteções laterais, que funcionam como uma espécie de para-choque em caso de quedas.
ANDANDO O projeto não fez concessões aos mais baixinhos. Apesar de bipartido, o banco é bastante alto, com a medida de 896mm. Isso acaba dificultando a circulação em baixa velocidade, especialmente no trânsito mais pesado, apesar de o guidão permitir avançar por cima dos espelhos retrovisores dos automóveis. Também no trânsito urbano, a ventoinha de refrigeração do radiador se liga com frequência, mandando ar quente para as pernas do piloto. Nas estradas, a situação muda da água para o vinho. É como se a moto quisesse lembrar sua condição aventureira e não exclusivamente urbana. O robusto motor empurra o conjunto sem economia, proporcionando ótima velocidade de cruzeiro.
Na terra, a Ténéré também se comporta à vontade, embora o peso seja um obstáculo indesejado, reduzindo a mobilidade. O modelo pesa 186 quilos a seco, nada menos que 21 quilos a mais do que a XT 660R, devido à carenagem, tanque, etc., e merece uma lipoaspiração urgente. O aro dianteiro tem 21 polegadas de diâmetro e facilita a transposição de obstáculos, mas os pneus de uso misto exigem atenção. O painel tem fácil visualização e ganhou conta-giros analógico em destaque e tela digital com as demais informações. Os freios são capazes de frear locomotiva (o ABS não é oferecido nem como opcional). Destaque: na dianteira, o conjunto tem duplo disco, com 298mm de diâmetro; e na traseira, apenas um, com 245mm. O preço sugerido da XT 660Z Ténéré é de R$ 32 mil, somente na cor azul.