O coração das motocicletas Morini, como de tantas outras européias, especialmente as italianas, está batendo forte outra vez. É que depois do tsunami japonês, a partir da década de 1960, vendendo motos tecnológicas e baratas, por causa da produção em larga escala, as marcas da Europa quase foram varridas do mapa. Entretanto, passada a onda, estão ressurgindo com novos e atraentes modelos, usando as mesmas armas dos concorrentes, para não repetir os erros do passado.
É o caso da Moto Morini, com o modelo maxitrail Granpasso 1200, apresentado no Salão de Milão, em novembro. A Morini nasceu em Casalecchio di Reno, na Bolonha (Itália), em 1937, com Alfonso Morini. Porém, somente em 1946, no pós-guerra, surgiu a primeira moto comercial, clonada da alemã DKW 125. Depois disso, desenvolveu seus próprios modelos e alcançou sucesso nas pistas e nas vendas, até enfrentar as nipônicas e quase desaparecer.
Coração
O renascimento ocorreu em 2005, quando a fábrica foi reativada por herdeiros do fundador, que lançaram o modelo esportivo Corsaro 1200. O motor, desenhado por Franco Lambertini, ex-engenheiro da Ferrari e da própria Morini, é um dois cilindros em V, com inclinação de 87 graus, refrigerado a água, com 1.187 cm³, alimentado por injeção eletrônica, que fornece 140 cv a 8.500 rpm e torque de 12,5 kgfm a 6.500 rpm. Esse motor também é o coração da nova Granpasso 1200.
O espírito da nova maxitrail é igualmente esportivo, mas com uma conotação aventureira, que permite grandes viagens com conforto, até mesmo em estradas de piso irregular ou sem pavimentação alguma. Para tanto, a Morini oferece uma extensa gama de acessórios, que inclui bolsas laterais, bolsa central traseira (bauleto), ambas com chave, manoplas com aquecimento, navegação por satélite, pára-brisas maior, tipo touring etc.
Desenho
O visual da nova Moto Morini Granpasso 1200 é uma criação do estúdio do projetista Luciano Marabese. As formas obedecem à consagrada escola de design italiana, com beleza, harmonia e ousadia, mas acabam incorporando alguns traços que lembram a alemã BMW GS 1200, uma de suas principais concorrentes. Especialmente no pára-lama dianteiro, dividido em duas partes: uma colada à roda e outra com um bico no alto, perto do farol. Na traseira, o escape tem saída alta.
Na Granpasso, esse bico separa os dois pequenos faróis. As setas foram incorporadas ao tanque. A suspensão dianteira é Marzocchi Magnum, invertida, regulável, com tubos de 50 mm, e 200 mm de curso. A traseira, mono, tem 190 mm de curso e amortecedor Ohlins, montado lateralmente em uma balança curva de alumínio, sem soldas. Os freios dianteiros têm duplo disco de 298 mm de pinças radiais Brembo. As rodas são Excel e o tanque Acerbis, com capacidade de 25 litros. O painel digital tem até registro de temperatura externa. O quadro é em tubos de aço em treliça e o peso a seco de 198 quilos.