A Lambretta, assim como a Vespa, representou um marco na indústria mundial das duas rodas, oferecendo transporte econômico em um período de reconstrução na Itália e também no resto da Europa, castigada pela Segunda Guerra. Os dois veículos, de concepção simples e prática, foram desenhados a partir de conceitos parecidos, resultando em modelos com alguma semelhança, considerados os ancestrais dos scooters atuais. Essas características comuns resultaram em uma natural rivalidade, que se alastrou pelo mundo, inclusive no Brasil. Agora, a Lambretta está de volta, procurando resgatar o visual dos anos 1950 e 1960, para não perder a identidade, com a modernidade da tecnologia atual.
A história da marca italiana Lambretta começa com Ferdinando Innocenti, que no pós-guerra vislumbrou a reconstrução de sua indústria de tubos em Lambratte (cortada pelo Rio Lambro, daí a inspiração do nome), na região de Milão, Norte da Itália, produzindo pequenas motos, com base nos veículos ingleses de transporte militar Cushman, adaptados para facilitar a movimefntação das tropas. Associado a Cesare Pallavicino, fabrica o primeiro protótipo, em 1947, com projeto do engenheiro Pierluigi Torre, e, logo em seguida lança o primeiro modelo comercial, em 1948. A produção cresceu rapidamente, utilizando rodas pequenas, quadro tubular e motores de 39cm³ a 198cm³ de cilindrada.
BRASIL As Lambrettas se espalharam pelo mundo, inclusive no Brasil, pioneiramente, antes mesmo da indústria automobilística, instalada no Bairro da Lapa, em São Paulo, sob licença, em 1955. O nome Lambretta virou sinônimo de uma época, ajudando, assim como a Vespa, a ilustrar os anos dourados das décadas de 1950 e 1960. Entretanto, o sucesso não foi suficiente para barrar a concorrência asiática e a marca foi vendida em 1972 para a Índia. Porém, a força do nome não foi esquecida e até hoje o termo Lambretta é usado para designar carinhosa e genericamente qualquer scooter, especialmente por quem viveu aquela época.
No Brasil os fabricantes ainda tentaram uma solução, produzindo o modelo Xispa, com motor de 150cm³ e 175cm³, e posteriormente modelos Tork 125, mas fecharam definitivamente em 1982. O nome é tão forte que seu renascimento, a partir do fim de 2011, é disputado judicialmente por dois grupos europeus, com o italiano Motom saindo na frente, produzindo novos modelos, enquanto o Lambretta Consortium tem apenas o protótipo Cigno. As novas lambretas, entretanto, seguem um roteiro cada vez mais comum na indústria mundial. Os motores são produzidos pela asiática SYM, de Taiwan, a mesma que fornece para a brasileira Dafra os modelos Citycom 300 e Next 250, montadas em Manaus, Amazonas.
MODELOS A origem “asiática”, contudo, não é privilegio da nova Lambretta. Sua eterna rival, a Vespa, por meio da Piaggio, também tem um acordo de produção com a chinesa Zhongshen, associado no Brasil à Kasinski. Inicialmente, dois modelos vão disputar o mercado: a LN 125 e a LN 150. Ambas com o mesmo quadro, visual retrô, com duas cores e detalhes cromados nas laterais, e conjunto de freios e suspensões. Assim como os scooters atuais, as novas Lambrettas são dotadas dos recursos como câmbio automático do tipo CVT, continuamente variável, embreagem automática e partida elétrica. Itens indispensáveis para veículos urbanos, assim como o porta-malas sob o banco.
O modelo LN 150 tem motor de um cilindro, do tipo quatro tempos, com 151cm³ de cilindrada, com duas válvulas e refrigeração a ar, forçada por ventoinha. A potência é de 10,5cv a 7.500rpm e o torque é de 1,10kgfm a 7.500rpm. O freio dianteiro é a disco, com 190mm de diâmetro, mas o traseiro é a tambor. A alimentação também é jurássica, através de carburador, mas que atende às rigorosas normas antipoluição Euro 3 da Europa. A suspensão dianteira é telescópica e a traseira mono. As rodas são de liga leve de 12 polegadas de diâmetro. O tanque comporta seis litros e o peso a seco é de 105kg. O modelo LN 125 tem potência de 8,8cv a 8.000rpm e torque de 0,85kgfm a 8.500rpm. O peso a seco é de 104kg.