O projeto vinha sendo desenvolvido há algum tempo. Produzir um motor do tipo dois tempos, equipado com injeção eletrônica, para substituir e aposentar o antigo e muitas vezes “temperamental” carburador. A austríaca KTM, que está oficialmente no Brasil, apresentou os novos modelos 2018 de enduro, com o inédito sistema, que não “tosse”, não desregula e proporciona uma substancial economia no consumo, além de garantir uma resposta imediata ao acelerador e também reduzir em até 50% a emissão de poluentes, por meio de uma queima mais eficiente e completa do combustível.
Os motores do tipo dois tempos, mais leves, compactos e com uma manutenção econômica e simplificada, conferem uma ótima performance, inclusive nas competições. Porém, os elevados índices de poluição, já que o óleo lubrificante queima junto com a gasolina, em desacordo com as normas ambientais cada vez mais severas, barravam seu avanço. A ideia de modernizar esse tipo de motor não é nova e já foi tentada. Porém, com a evolução da tecnologia, da eletrônica, da qualidade dos óleos e dos materiais e componentes, a solução apareceu.
MÁGICA A KTM desenvolveu um sistema que vai revolucionar o mercado, e seu amplo uso, “ressuscitando” o motor, inclusive nas ruas. A mágica são dois injetores, um de cada lado do motor, que atuam de forma indireta. Vários sensores medem a abertura do acelerador, a pressão do ar, a temperatura do óleo, do líquido de refrigeração e rotações do motor e enviam para uma central eletrônica embaixo do banco, que processa tudo instantaneamente e determina a atuação dos injetores com o combustível, da bomba de óleo eletrônica e do ar, para completar a mistura exata e perfeita para cada ocasião.
O sistema, batizado de Transfer Port Injection (TPI), algo como injeção por meio de porta de transferência, também elimina a necessidade de misturar o óleo lubrificante à gasolina. Um tanquinho, com capacidade de 0,7 litro, no próprio quadro, acima do tanque, fornece o óleo para a bomba do sistema de injeção e tem capacidade equivalente a cerca de cinco tanques de combustível, antes de precisar ser reabastecido. O sistema também calibra a mistura de combustível e ar em 1,25% de óleo, praticamente eliminando a “fumaça” do escape, além de atender à norma ambiental europeia Euro 4.
MUDANÇAS O sistema exigiu alterações na caixa do filtro de ar, cilindro, tanque, gerador, bateria e eletrônica, somando 3kg ao peso, que foi para 103kg. Os modelos 250 e 300 dividem a mesma mecânica e quadro de tubos de aço. O sistema deixa o motor bem mais “redondo” e sempre alerta, melhorando também a entrega de potência, e foi testado (camuflado) em provas de Hard Enduro (enduro pesado), como o Roof of Africa (Teto da Africa), no Lesoto, que integra o circuito mundial, exatamente como o Red Bull Minas Riders, disputado aqui e que termina amanhã.
A potência não foi alterada, cerca de 45cv na EXC 300, e tampouco a ciclística em relação ao modelo anterior carburado (que ainda será produzido), mas somente o visual e o grafismo. A partida elétrica permanece, assim como o pedal de partida. A versão Six Days, entretanto, conta com opções de modos de pilotagem. A suspensão dianteira tem 300mm de curso e a traseira, 310mm. O freio dianteiro tem disco de 260mm e o traseiro, 220mm, enquanto o banco fica a 960mm do chão. Os modelos equipados com injeção chegam ao Brasil este ano, ainda sem preço definido.