A KTM lançou oficial e comercialmente o esperado modelo 350 EXC-F, próprio para enduro, já como modelo 2012. Como faz habitualmente, a empresa planejou o nascimento da nova moto, que chama de geração 2012, em etapas bem progressivas. O primeiro passo foi dado em 2009, com a apresentação do modelo de motocross 350 SX-F, criado para disputar o mundial de 2010, na categoria MX1, com o piloto italiano Antônio Cairoli, que competiu contra as maiores e temidas 450cm3, teto da categoria. A aparente insensatez mostrou uma ousada estratégia, do tipo Davi contra Golias, reunindo maior agilidade e dirigibilidade, características de um modelo menor, e possibilitando maior velocidade, com um motor quase tão potente quanto os de motor maior.
A tática deu tão certo que Cairoli foi campeão mundial. O próximo passo foi adaptar o modelo para o Mundial de Enduro, no qual também colecionou vitórias com seus pilotos oficiais. Por fim, o modelo chega ao consumidor final para encarar as trilhas de todo o mundo, inclusive do Brasil, onde a KTM já está oficialmente e com planos que incluem uma fábrica em Manaus (AM). Antes de chegar às lojas, porém, a nova 350 EXC-F, equipada com motor de um cilindro, do tipo quatro tempos, com 349,7cm³ de cilindrada, de 45cv; partida elétrica; e refrigeração líquida. O motor passou por um severo desenvolvimento, com ajuda dos pilotos de fábrica: o britânico David Knight e o francês Johnny Aubert.
TRANSFORMAÇÃO Para passar de um modelo de cross para um de trilha, foram necessárias várias alterações técnicas. O motor perdeu um pouco de potência, para ganhar mais torque, e proporcionar mais força em baixos giros, que é uma característica das motos de enduro. O modelo ganhou nova parte elétrica, sistema de injeção eletrônica, partida elétrica (que não eliminou o pedal de partida), farol, farolete e minipainel, elevando também o peso final. Esse também é o processo de transformação das motos de enduro japonesas, por exemplo, que nascem de uma fornada das motos de cross e, em seguida, são transformadas em motos de trilha, reduzindo os altos custos de pesquisa e desenvolvimento.
No caso da KTM 350 EXC-F, a moto nasce com três versões, incluindo também as que homenageiam o International Six Days Enduro (ISDE), espécie de copa do mundo anual da modalidade, com grafismo especial da Finlândia, país sede da competição. A opção Factory tem o mesmo grafismo da moto que disputa o mundial da modalidade, além de escape especial Akrapovic e outros detalhes técnicos. O modelo 350 EXC-F tem outra diferença técnica para a “mãe” de cross, que é equipada com amortecedor único fixado em links e bieletas, quebrando a tradição do sistema Progressive Damping System (PDS), desenvolvido pela White Power (WP) e até então utilizado fielmente pela montadora.
MOTOR A suspensão traseira do modelo enduro 350 EXC-F conserva a tradição do sistema PDS, com amortecedor único, sem links e bieletas. O propulsor da nova 350 EXC-F, de 45cv, é bastante compacto e completo e pesa somente 28,5 quilos. A diferença de 100cm³ a menos, em relação aos de 450cm³, é compensada pela maior agilidade. Além disso, a potência não chega a ser tão inferior e o piloto tem a possibilidade de ajuste (de três mapas) da injeção. Em alguns casos, é semelhante, ou até superior, proporcionando um conjunto bastante adaptado para o fora de estrada. O câmbio é de seis marchas, enquanto o da maioria das motos de 450cm³ é de cinco velocidades. O peso total é outra virtude muito apreciada na hora de encarar trilhas mais pesadas: sem gasolina, pesa somente 107,5 quilos.
A suspensão traseira tem curso de 334mm, enquanto o conjunto traseiro é equipado com bengalas de 48mm de diâmetro e 300mm de curso, ambas reguláveis. O quadro também é compacto, feito em aço cromo molibidênio, com subquadro em alumínio, desenvolvido com ajuda do belga multicampeão Sthefan Everts. O freio dianteiro tem disco simples, de 260mm de diâmetro, e o traseiro, 220mm. As rodas são em alumínio, Excel (200gramas mais leves), com aro de 21 polegadas na dianteira. O escape também tem ponteira em alumínio, assim como o guidão. O tanque comporta 9,5 litros, enquanto o banco fica a 970mm do solo. No processo de desenvolvimento, a KTM também lançou mão da sinergia com a marca sueca Husaberg, adquirida em 1995 e igualmente especialista em fora de estrada.