No Brasil, por força da legislação, os motores a diesel só podem equipar ônibus, caminhões, tratores, caminhonetes e veículos 4x4 com reduzida. Automóveis de passeio com essa motorização, comuns em outros mercados, estão proibidos. Enquanto a lei engessa sua popularização, na Europa foi desenvolvida uma motocicleta movida a diesel, que será vendida a partir de setembro. É a Track T-800 CDI, produzida pela holandesa EVA Products. A ideia não é nova e está sendo viabilizada com o avanço tecnológico dos motores a diesel.
Com seu desenvolvimento, as desvantagens foram minimizadas e os benefícios realçados. Assim, as vibrações, os ruídos e o peso foram reduzidos, a fumaça preta do escape eliminada e o desempenho melhorado. As vantagens do altíssimo torque, além da grande economia e consequente aumento da autonomia, puderam ser exploradas ao máximo para compensar sua utilização. Para tanto, os motores a diesel de última geração são equipados com turbina, intercooler e sistema common rail de injeção, que otimiza o funcionamento. Com isso, gira redondo e alerta, quase como um clássico propulsor a gasolina. Isso tem atraído novos fabricantes.
Fôlego
O Exército e a Marinha dos Estados Unidos, por exemplo, encomendaram modelos do tipo fora-de-estrada para a Hayes Diversified Technogies (HDT), que também estuda um modelo civil. A Yamaha também projeta um modelo e a empresa Star Twin desenvolveu a esportiva Thunder Star, apta para ganhar as pistas de competição, como a Audi fez com protótipos diesel que disputam a famosa 24 horas de Le Mans. A nova Track T-800 tem motor três cilindros em linha, desenvolvido pela Daimler-Chrysler, que também equipa uma versão do pequeno automóvel Smart Fortwo.
A potência do motor atinge 45cv a apenas 4.500rpm. O torque, entretanto, chega a 10,2kgfm a ínfimos 1.800rpm. Ou seja, a moto tem força para subir parede, mesmo com o motor quase morrendo. Para completar, o consumo, a 90km/h, fica na faixa dos 40km/l , o que garante uma extraordinária autonomia de quase 900 quilômetros. Com o tanque de 22 litros cheio, seria possível, por exemplo, sair de Belo Horizonte, ir e voltar ao Rio de Janeiro, passando longe dos postos de abastecimento. Outro atrativo desses tipos de motores é que também estão aptos a consumir biodiesel, além de outros óleos vegetais, com poucas alterações.
Renováveis
Todos os dois combustíveis são produzidos a partir de matérias-primas renováveis, como o álcool, já amplamente utilizado no Brasil. Para facilitar a pilotagem, a Track T-800 conta com câmbio automático do tipo CVT, de variação contínua e transmissão por eixo cardã, que funciona como balança traseira. O acelerador é eletrônico, fly by wire, e a velocidade final de 175km/h. Entretanto, ainda apresenta certa obesidade. Pesa 225kg a seco, apesar dos aros DE alumínio Excel e de o motor fazer parte da estrutura. O quadro, em tubos de aço, tem arquitetura em treliça, inspirada nas Ducatis, com o motor integrado.
As suspensões são White Power. Na dianteira, do tipo invertida, com tubos de 48mm de diâmetro e 210mm de curso. Na traseira, monoamortecedor, igualmente com 210mm de curso. Os freios são a disco. Na dianteira, dois discos de 310mm de diâmetro e na traseira disco simples de 265mm de diâmetro. A disposição do motor, instalado longitudinalmente, exigiu maior distância entre-eixos, que é de 1.610mm. O visual é encorpado, com carenagem e para-brisas e uma aparência de modelo de uso misto, lembrando ligeiramente as austríacas KTM. A Track T-800 será comercializada na Europa por 17.500 euros, cerca de R$ 48 mil.