Disposta a resgatar a esportividade, ofuscada pela fama de produzir motocicletas estradeiras, sofisticadas e confortáveis, a alemã BMW chutou o balde. Em 2009, anunciou o projeto de construção de uma superesportiva para disputar o Mundial de Superbikes, partindo do zero. Em 2010, o modelo S 1000RR se materializou e assombrou o mundo, ignorando solenemente eventuais traços de conservadorismo. Com uma mecânica avançada, usando tecnologia desenvolvida de sua experiência na Fórmula 1 e altas doses de eletrônica, também exibiu um desenho exótico e inovador, com laterais totalmente diferentes, além de um farol redondo e outro trapezoidal, como olhos estrábicos.
Essa ousadia assimétrica causou espanto e curiosidade. Nas pistas, entretanto, o modelo foi ficando cada vez mais %u201Cbonito%u201D, vencendo centenas de provas e quase todos os comparativos com as rivais japonesas e italianas, transformando-se em um dos mais cobiçados do mundo no disputado segmento, valorizando o estrabismo estilístico. O modelo 2012 foi apresentado ao mercado com aperfeiçoamentos técnicos e de estilo, além de novas cores, que incluem o vermelho e o azul, embora mantenha a essência do visual e base mecânica. A BMW do Brasil importa oficialmente a o modelo, mas ainda não tem previsão de data e preços da versão 2012.
USINA O motor da S 1000RR seguiu a arquitetura da concorrência, com quatro cilindros em linha e 999cm³. Porém, está inclinado em 32 graus, rebaixando as massas e o centro de gravidade. Equipado com injeção eletrônica e refrigeração líquida, desenvolve nada menos que 193cv a espantosos 13.000rpm e um torque de 11,4kgfm a 9.750rpm. Com o efeito da pressurização do ar (Ram Air), como um turbo, através da tomada no bico da moto, a potência salta para 198,5cv, acima dos 250km/h. Tudo para um peso (abastecida e com freios ABS) de apenas 206,5kg (178kg a seco), o que deixa a relação peso x potência próxima de incríveis 1cv para empurrar cada quilo.
Para domar a cavalaria, sem tirar a esportividade, a montadora esmerou na eletrônica. O modelo tem um sofisticado controle de tração, que permite derrapagens controladas, com sensor de inclinação lateral e até uma função wheeling, com sensor de inclinação longitudinal que possibilita empinadas sem preocupações de até 23 graus, quando o motor corta. O motor também corta por frações de segundo ao subir as marchas, permitindo as trocas sem tirar a mão do acelerador e sem debrear, como na Fórmula 1. A curva de torque foi otimizada para melhorar ainda mais a tocada e o painel passa a ter a função melhor volta em andamento no cronômetro.
ELETRÔNICA O modelo conta ainda com quatro mapas de motor: rain, sport, race, e slick. O modo rain, ou chuva, reduz a potência para cerca de 120cv, deixando o motor mais progressivo para pisos escorregadios. O modo sport restaura toda a potência. O modo race permite explorar ainda mais esportivamente o motor e o modo slick só pode ser ativado em pistas, com pneus slicks, levando a moto ao seu limite extremo. Os sistemas de controle de tração e mapas de motor foram aperfeiçoados no modelo 2012, funcionando em conjunto, por meio de uma sofisticada central de processamento. O sistema de freios ABS de série, porém, pode ser desligado para pilotagem radical. Com precisão cirúrgica e eletrônica, o ABS também pode ser usado esportivamente.
O quadro, em alumínio, com vigas laterais, foi aperfeiçoado, para proporcionar melhor ergonomia e performance. A balança traseira, derivada das competições, estilo banana, e as suspensões também foram aperfeiçoadas, assim como o amortecedor de guidão e a rabeta traseira, com novo desenho. Os freios dianteiros são duplos, com 320mm de diâmetro. O traseiro é simples, com 220mm. A suspensão traseira é mono, com 130mm de curso; a dianteira é invertida, com 120mm de curso. Ambas plenamente ajustáveis. Para os insatisfeitos, a marca oferece uma série de equipamentos (escape, carenagens, kits eletrônicos etc) para aumentar ainda mais a performance.