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Volkswagen lança modelos ultrapassados no Brasil e elétricos problemáticos no mundo

No mercado brasileiro, só investe no bisturi. Na Alemanha, tecnologia ultrapassada prejudica concorrência com Tesla e chineses

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Ao invés de ganhar uma nova geração, a picape compacta levou apenas um tapa no visual
Ao invés de ganhar uma nova geração, a picape compacta levou apenas um tapa no visual Foto: Ao invés de ganhar uma nova geração, a picape compacta levou apenas um tapa no visual

É inegável que o Volkswagen Fusca foi um dos melhores carros do mundo. Gol, Passat e Golf deixaram saudade no Brasil por sua resistência, qualidade e confiabilidade. Graças a estes e vários outros modelos, a VW conquistou excelente imagem mundial, suplantou graves percalços – dieselgate foi o mais complicado deles – e está hoje em segundo lugar no ranking mundial, atrás somente da Toyota.

Mas a marca enfrenta, atualmente, dificuldades típicas de quem criou fama e deitou na cama. Modelos no Brasil e problemas com elétricos revelam seu atraso tecnológico.

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Uma picape de cabine dupla com apenas duas portas

Picape Saveiro

Nova geração foi lançada há 13 anos, ainda baseada na plataforma do Gol, aposentado por obsolescência. Ótima picape, mas não resiste à modernidade dos vários recentes lançamentos. Tanto é anacrônica que a Volkswagen apresentou, no Salão do Automóvel de 2018, uma novíssima picape, a Tarok, com a MQB, nova plataforma mundial da marca. O projeto foi para o lixo e a Saveiro acaba de voltar com uma simplória cirurgia plástica.

Picape Amarok

Também há treze anos no mercado, seu obsoletismo fica aparente pelas vendas ínfimas. Na África do Sul, a Volkswagen fez valer a parceria mundial com a Ford, a maior produtora mundial de picapes, comprou o projeto da novíssima Ranger e a vestiu de Amarok.

No Brasil, achou que não valia a pena o investimento, usou o mesmo bisturi aplicado na Saveiro e vai apresentá-la em 2024 com uma ligeira modernização de estilo. É uma boa opção, tem motor 3.0 V6 turbodiesel (como, aliás, o da Ranger) e até mais potente, com 258cv, que podem ser anabolizados em 14cv graças a um booster. A da Ford tem 250cv, mas dá uma rasteira tecnológica na Volkswagen Amarok.

caminhonete Amarok Branca, de frente descendo um declive ingrime
Mesmo com tecnologias interessantes, como o controle de descida em rampa, a Amarok ainda é desatualizada

Tiguan

Acaba de ser anunciada no Brasil o “novo” Tiguan Allspace (sete lugares), por R$ 278.990. Mais um desprezo da marca pelo consumidor brasileiro, pois não se trata de uma novidade, mas praticamente o mesmo modelo importado do México até outubro de 2021, com um ligeiro face-lift. E depenada: não tem mais tração nas quatro, só na dianteira. E perdeu 34cv para se enquadrar na nova legislação de emissões.

Pior ainda é que a Volkswagen já apresentou na Alemanha o novo (de verdade) Tiguan, completamente reformulado, modernizado e híbrido. Mas quem quiser adquiri-lo, terá de esperar até que se iniciem suas vendas na Europa e a VW do Brasil decida importá-lo.

vw tiguan 2024 terceira geração de frente
Na Europa os consumidores terão a terceira geração do VW Tiguan, bem mais moderno

ID.4

O elétrico da Volkswagen foi anunciado com toda pompa e circunstância para o nosso mercado. Mas os elétricos da marca não andam nada bem pelo mundo. Tanto que a fábrica do ID.4 em Emden (Noroeste da Alemanha) teve um turno cortado e funcionários demitidos. Os donos do ID.4 nos EUA estão extremamente insatisfeitos com problemas nas janelas e portas, freios que perdem potência, baterias e outros.

A produção do ID.3 na famosa fábrica envidraçada de Dresden foi interrompida nas duas primeiras semanas de outubro. A Volkswagen não consegue competir com a Tesla e os chineses. O único elétrico que vai bem, obrigado, é o ID.Buzz (a nova Kombi), com vendas crescentes nas últimas semanas. A plataforma elétrica MEB da VW foi pioneira, mas está ultrapassada e será substituída pela nova MEB +. Porém, só fica pronta em 2026.

Volkswagen ID.3 2024 sendo recarregado na parede de uma casa
O Volkswagen ID.3 está sobrando no pátio da montadora na Alemanha, por baixa demanda

A Volkswagen sabe que o software desenvolvido por sua subsidiária CARIAD é inadequado e mais vem prejudicando que contribuindo para o desenvolvimento dos elétricos, além de atrasar novos lançamentos da empresa.

O CEO mundial do grupo Volkswagen, Oliver Blume, saiu no mercado em busca de pessoal experiente e já contratou engenheiros das norte-americanas Tesla, Google e Rivian para comandar sua divisão de software. Mas, desenvolvimento tecnológico com esta sofisticação não acontece da noite para o dia.

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