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Solução pífia

O rodízio é implantado por administradores que adoram se valer da canetada para resolver um problema

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A (má) idéia já foi adotada em São Paulo: se as ruas centrais da cidade não comportam mais tantos automóveis, basta proibir uma parte deles de circular em determinados dias. Pronto, está criado o rodízio, solução típica de administradores incompetentes, que adoram se valer da canetada para resolver um problema. E criar outros.

É óbvio que, se você cria o rodízio para reduzir 20% do volume de veículos em circulação, ele volta a aumentar com o tempo e o trânsito volta a se congestionar exatamente como no passado. E aí? Qual é a próxima demonstração de incompetência? Proibir 40% ou 50%? Qual é o limite da solução medíocre, simplista, imediata e pouco criativa?

O que é pior: motoristas de São Paulo compraram e passaram a circular, um dia por semana, com uma avalanche de carros velhos, caindo aos pedaços, para driblar o final de placa imposto pela prefeitura. E tome poluição e falta de segurança nas ruas.

O rodízio é uma solução pífia: foi implantado há 10 anos em São Paulo, mas não resolveu o problema do congestionamento.

Além disso, tem também o inconveniente das multas impostas (ilegalmente) a quem mora em outras cidades e estados, e não conhece a legislação municipal. E, mesmo que dela tenha conhecimento, não sabe que região de São Paulo, nem em quais horários seu veículo está proibido de circular, pois não há avisos específicos.

Os próprios paulistanos se perdem em alguns feriados, feriadões, férias ou dias especiais, quando até as autoridades de trânsito se confundem, não são claras nem divulgam adequadamente o rodízio.

A autoridade de trânsito que proíbe a circulação de automóveis em determinados dias tem a obrigação de oferecer, por outro lado, um bom sistema de transporte coletivo, como alternativa ao deslocamento pessoal. Não é o caso.

Outras capitais brasileiras estão às voltas com o mesmo problema: elevado volume de veículos em suas regiões centrais. E anunciando a possibilidade do rodízio para desafogar o trânsito.

Se seus administradores decidirem seguir o exemplo de grandes metrópoles do mundo, vão implantar outras soluções mais trabalhosas, porém, mais racionais. Londres, entre outras, já estabeleceu um pedágio (cerca de R$ 30) para quem quiser circular com seu automóvel na região central. Nova York já anunciou que estuda adotar sistema semelhante, com valores variáveis em função das dimensões do veículo.

É mais complicado que a canetada do rodízio, pois implica armar uma infra-estrutura para o pagamento da taxa, de fiscalização e multa por câmeras instaladas nos perímetros da região pedagiada. O valor arrecadado pelo pedágio é obrigatoriamente aplicado na modernização do sistema de transporte coletivo.

O governo brasileiro não está exigindo - a partir do próximo ano - que os automóveis tenham um adesivo fixado no pára-brisa com número de chassis, placa e outras informações? Pois esta tecnologia tornaria ainda mais simples implantar o sistema de pagamento de pedágio para circular nos centros das cidades. É só arregaçar as mangas.