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Papo de Roda - Variações pendulares

Genebra avalizou (e democratizou) o carro fosco, uma reversão da regra de que quanto mais brilho e polimento na pintura, mais atenção um modelo desperta no estande...

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Mudam-se os tempos, mudam-se os costumes. No reino do automóvel, a moda sofre variações constantes, muitas vezes pendulares: entra na moda, sai, volta tempos depois, desaparece novamente...
Estão lembrados do carro de duas portas? Foi moda no Brasil durante anos. Madame chique tinha Opala com chofer, mas cupê. Era um verdadeiro contorcionismo para se acomodar no banco traseiro. Entre as décadas de 1980 e 1990, o carro de quatro portas foi voltando devagarinho e hoje domina o mercado.

Fosco Outro fenômeno tupiniquim foi a bicromia. O brasileiro se decidiu pela monotonia do prata e preto. Depois de muitos anos, o branco rompeu a barreira do PP. Outros cinquenta tons continuam abandonados... mas tem moda nova no pedaço, o fosco. Nos últimos salões do Primeiro Mundo, carros chiques como Mercedes e Audi exibiam novidades em preto ou cinza fosco. Em Genebra, a moda se democratizou e tinha até um charmoso Fiat 500 preto fosco. Uma reversão da regra de que quanto mais brilho e polimento na pintura, mais sedutor...

Mola Você pode ter lido que a PSA (Peugeot-Citroën) expôs em Genebra um híbrido que funciona com ar comprimido. Mas não é bem assim. Quem desenvolve um carro que funciona com ar comprimido é a indiana Tata. O que a francesa propõe é uma cápsula para guardar energia (sua aparência é a mesma dos tanques que os mergulhadores dependuram nas costas) de funcionamento simples: quando o carro reduz ou freia, em vez de se recuperar energia carregando uma bateria, a PSA bolou um sistema que vai comprimindo nitrogênio contido na cápsula. Quando o motorista volta a acelerar, o nitrogênio se expande e pressiona um fluxo hidráulico que movimenta uma turbina acoplada à caixa de marchas. O carro anda algumas centenas de metros com essa energia. Como se fosse uma mola que guarda energia quando é comprimida e a bota para fora quando se expande. O híbrido da PSA é simples e barato, pois dispensa um segundo motor e poderá ser lançado entre 2014 e 2015. Como chamou o sistema de “Air Hybride”, alguns jornalistas não hesitaram em noticiar que o carro funciona com ar comprimido...

Chineses Os chineses, ausentes, como sempre, dos salões europeus. Uma exceção em Genebra foi a apresentação do primeiro sedã produzido pela Qoros, uma empresa criada em 2007 tendo como sócios (50/50) a Chery Automobile, o maior fabricante independente chinês de automóveis, e a Israel Corporation, uma holding israelense gigante que atua em vários setores. Entre eles, a Better Life, empresa sediada em Israel que desenvolveu o projeto do carro elétrico que substitui a bateria no posto. O Qoros exibido na Suiça é um automóvel que leva jeito de peitar os mais sofisticados europeus. Será?