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Papo de Roda - Presente de Grego

Acredite se quiser: você vai pagar mais pelo seguro obrigatório, mas a indenização continua a mesma

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O verdadeiro presente de Papai Noel chegou no apagar das luzes de 2012, pois o seguro obrigatório (DPVAT) foi aumentado em quase 5% para os automóveis, sem o correspondente aumento na indenização das vitimas. É isso mesmo e acredite quem quiser: com esse reajuste autorizado pela Susep as seguradoras vão arrecadar mais, muito mais, mantendo os custos inalterados. Imagina-se que a Lider Seguradora (associação de todas elas) vai faturar – com o reajuste – cerca de R$ 200 milhões adicionais em 2013. O dinheiro tomado à força do nosso bolso é uma verdadeira maracutaia que segue destinos muito mal explicados. No frigir dos ovos, apenas cerca de 1/3 dos aproximadamente R$ 7 bilhões arrecadados são destinados ao pagamento das indenizações para quem se acidenta no trânsito. Os outros bilhões seguem rumos ignorados e há ações do Ministério Público questionando judicialmente essa operação que cada vez mais beneficia os empresários e cada vez menos os brasileiros.

Dindin – Comprovado mais uma vez, em 2012, que segurança só merece atenção diante da perspectiva de pingar dindin nos cofres dos empresários ou no bolso dos políticos. Cadeirinhas para crianças ou airbags fontais foram exigências rapidamente aprovadas pelo Congresso. Mas exigir apoio central de cabeça, sistema Isofix para as cadeirinhas ou eliminar o inútil extintor de incêndio nem passa pela cabeça de político... pois nada pinga no seu bolso.

Radar –
Controlar a velocidade é prioridade do governo, pois é filão para empresários e cofres públicos. Mas a Lei Seca só se aplica para valer em capitais e em algumas grandes cidades do interior, pois fatura muito menos que os radares. Todo motorista que excede a velocidade máxima é flagrado pelo radar. Mas, nesses feriadões de fim de ano, dos milhões de motoristas nas ruas e rodovias, menos de 50 mil sopraram o bafômetro.

Etiquetagem – A ideia de pendurar uma etiqueta no carro zero-quilômetro, definindo seu consumo em relação aos concorrentes, é excelente e já existe há anos na Europa. Ela foi implantada no Brasil em 2012, mas ninguém tomou conhecimento, nem compradores nem vendedores no show-room, pois o governo se "esqueceu" de encetar uma campanha de orientação. E também de tornar a etiqueta obrigatória, pois a montadora adere voluntariamente ao programa. Afinal, investir em campanha para que, já que nada se fatura em troca?

Inovar – Finalmente o governo federal lembrou-se de estabelecer um regime automotivo no país, a que chamou de Inovar Auto. Sujeito a chuvas e trovoadas, pois algumas das metas são pífias. As montadoras devem ter rido da exigência de reduzir o consumo em apenas 12% em cinco anos. Mas ninguém se lembra de estimular o modelo verdadeiramente nacional, desenvolvido por empresários locais. Absurdo? Vejam os outros "brics": por que China, Rússia e Índia possuem fabricas próprias? Se temos capacidade tecnológica de projetar e fabricar aviões, por que não teríamos para desenvolver automóveis?

Deslizes de 2012

O setor dos transportes continua desamparado. Omitiram-se governantes, empresários, jornalistas e políticos, que poderiam ter contribuído para uma evolução do setor. Pelo contrário, continuam atuando de forma tímida, passiva e que dificilmente vem ao encontro dos anseios do consumidor. Continua a triste política do “venha a nós”...

Effa Motors – Essa empresa do uruguaio Eduardo Effa importa modelos chineses (Lifan e Hafei) e monta alguns deles no Uruguai. Foi a campeã da mentira e alterou números de chassis para “atualizar” vários de seus veículos comerciais. Da noite para o dia eles rejuvenesceram de 2011 para 2012.

Carteira de habilitação – Ninguém mais objetivo que o presidente da associação das autoescolas de São Paulo: “Os professores fingem que ensinam, os alunos fingem que aprendem”. Os candidatos à carteira continuam sendo preparados para o exame, não para o dia a dia nas ruas e estradas.

Etiqueta – A ideia (do Inmetro) de pendurar uma etiqueta com os números de consumo nos automóveis zero-quilômetro é brilhante. Mas o governo se “esqueceu” de encetar uma campanha publicitária para divulgar o programa e torná-lo obrigatório. Nem vendedores, nem compradores de automóveis têm noção do que sejam as etiquetas. E várias montadoras nem aderiram ao programa.

Combustíveis – O inconsequente e sempre mal informado Lula correu mundo apregoando as virtudes do etanol e estimulou outros países a fechar contrato de compra com o Brasil. Esqueceu-se de planejar sua produção e em 2012 passamos a importar etanol, gasolina e diesel. Pode?

Saudade do Rolim – A TAM foi suficientemente desonesta para alterar as regras do jogo no meio do próprio e triplicar o número de milhas necessárias para resgatar passagens internacionais. Já passou da hora de o Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) prestar atenção nessas espertezas com o programa de milhas. Afinal, um direito adquirido pelo passageiro frequente.

Rastreador – O governo não se entende com dois programas similares para estabelecer o “big brother rodoviário”. Exige rastreadores para localizar o automóvel roubado. O dono do carro terá que pagar, mesmo que more numa pequena cidade, por um equipamento que jamais será utilizado. E quer também o chip no parabrisa para receber informações do automóvel relativas a licenças, taxas, multas, infrações, roubos etc. A confusão é tamanha que não conseguiu nem homologar os equipamentos necessários para a operação.

Volkswagen
– Lançou em março de 2012 a linha Gol 2012/2013, sem alterações significativas.

Quatro meses depois, outra linha 2012/2013 com várias modificações. Como fica o infeliz que investiu na primeira safra 2012/2013?

Peugeot – A marca do leão vive praticando propaganda enganosa. Há carros disputando a Stock Car que, de Peugeot, só têm o logotipo na grade. Mas, quando ganha uma etapa, apregoa a vitória graças ao “desempenho e resistência” de seus automóveis. Em 2012, foi pega com a boca na botija com pelo menos duas propagandas enganosas e multada em R$ 571 mil pelo DPDC.


>>E-mail para esta coluna: boris.feldman@uai.com.br