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Papo de Roda - Palmas para Haddad

Por mais incrível e ridículo que possa parecer, até veículos novos, recém-saídos da linha de montagem, eram obrigados a se submeter à inspeção de emissões em São Paulo

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Nenhum motorista acha graça em dirigir atrás de um automóvel, picape, ou caminhão soltando um negro fumacê pelo escapamento, uma evidência de que o ar que respiramos está sendo poluído. Mas, nem sempre a poluição é óbvia e dá para se perceber o alto índice de gases poluentes emitidos pelos veículos, só mesmo com aparelhos específicos para analisá-los.

É exatamente por isso que os automóveis se submetem em dezenas de países ao controle de emissões.

No Brasil, a primeira cidade que levou o assunto a sério foi São Paulo. Até porque, o nível de nocividade na atmosfera estava tornando seu ar quase irrespirável. Mas, ao implantar o controle ambiental, a cidade copiou o governo federal ao tomar decisões atabalhoadas e sem nexo. Para corrigir tudo mais tarde, ao perceber suas distorções.

A Prefeitura de São Paulo, ao estabelecer o controle, se esqueceu de suas regras básicas, ou seja: que veículos são mais prováveis de poluir a atmosfera? A resposta é óbvia: quanto mais velho e com mais alta quilometragem, maiores as chances de o motor estar desregulado, o catalisador vencido e de o escapamento emitir gases venenosos. Só os técnicos paulistanos não pensaram assim, ou foram movidos por outros interesses ao determinar quem deveria passar pela inspeção veicular. Pois, por mais incrível e ridículo que possa parecer, até automóveis novos, com baixíssima quilometragem, foram obrigados a se submeter ao exame da Controlar, a empresa contratada para realizar as vistorias. Mas, que sentido tem analisar o escapamento de um carro que deixou há cinco ou seis meses a linha de montagem? Só mesmo os “outros interesses” explicam essa aberração...

Portanto, palmas para Fernando Haddad, prefeito eleito de São Paulo. Uma de suas primeiras decisões foi eliminar esse inexplicável caça-níqueis montado na capital paulista por meio de contratos cheios de cláusulas também inexplicáveis diante de critérios legais. A empresa contratada (Controlar) não gostou da decisão, pois o volume de inspeções cairá para menos da metade do atual, que beira os três milhões por ano. Que representa um nada desprezível faturamento de cerca de R$ 150 milhões.

As novas regras isentam os carros novos da vistoria. Assim como em outros países, considera-se que eles estejam dentro dos limites de emissões nos três primeiros anos. A partir do quarto, eles se submeteriam às inspeções apenas a cada dois anos. Os assessores jurídicos de Haddad examinam a possibilidade de alterar o contrato com a Controlar já a partir de janeiro de 2013.

Outra boa ideia, não só para São Paulo como para todas as outras capitais, é implantar também a vistoria obrigatória dos itens de segurança, tais como pneus, freios, direção, suspensão etc. A fumaça polui e provoca doenças. A falta de segurança mata.