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Papo de roda - País do blá-blá-blá

Nem mesmo a redução de 40% nas mortes de crianças foi capaz de sensibilizar o desgoverno federal a complementar a regulamentação das cadeirinhas

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O Brasil é o país do faz de conta quando se trata da segurança do cidadão. Até quando está envolvida a integridade das nossas crianças. Em 2010, foi tornada obrigatória a cadeirinha infantil no banco traseiro dos automóveis. O resultado foi imediato: estatísticas da Polícia Rodoviária Federal no ano seguinte revelaram redução de 40% nas mortes de crianças em acidentes. Nem mesmo esses números foram capazes de sensibilizar o desgoverno federal, pois falta até hoje a regulamentação para táxis, vans e ônibus, onde a cadeirinha ainda não é obrigatória. Nem mesmo fatos surrealistas, como o caso do pai multado por carregar o filho no automóvel sem o dispositivo. Teve que parar um táxi e levar nele a criança. Sem a cadeirinha, pois no táxi pode...

Mais de três anos depois, ainda não saiu a regulamentação complementar, nem foi atualizada a certificação das cadeirinhas, pois as únicas aprovadas, por enquanto, são as que se dependuram no cinto de segurança. Protegem, mas como um verdadeiro quebra-galho. Moderno e muito mais eficiente é o sistema Isofix: simples, barato e já presente em todo o mundo, pois a cadeirinha é atarrachada firmemente em duas argolas no chassis do banco. Mas tem que ser adquirida no exterior, pois ainda não foi certificada pelo Inmetro para ser vendida no Brasil. Alguns automóveis produzidos aqui e quase todos os importados já oferecem o sistema. Enquanto isso, no país do faz de conta que se preocupa com segurança, Contran e Inmetro discutem há meses a certificação do sistema Isofix.

Testes simulados de impacto (crash-tests) realizados recentemente em automóveis brasileiros comprovaram que nossos bebês e crianças ainda estão longe de ser efetivamente protegidos pelos dispositivos de retenção, pois ainda são dependurados no cinto de segurança. Segundo o Proteste, a situação mais delicada é no caso dos impactos laterais, pois a criança chega a bater a cabeça na lateral do veículo.

No país do blá-blá-blá, os dispositivos de retenção infantil Isofix só não foram tornados obrigatórios nos automóveis pois faltam lobistas para “convencer” nossos corruptos parlamentares e órgãos do governo. Foi assim com os inúteis estojinhos de primeiros socorros e extintores de incêndio. O que “prejudica” o sistema Isofix é sua simplicidade: basta a fábrica soldar duas argolinhas no chassis do banco traseiro, o que não traz nenhum faturamento adicional. Também por falta de interesse do Executivo e do Legislativo, ainda não se tornou obrigatório o apoio de cabeça central no banco traseiro, equipamento essencial para proteger a coluna cervical no caso de um impacto traseiro.

O recente episódio dos air bags e freios ABS comprovou que segurança veicular não é prioridade junto ao desgoverno federal. Foi por um triz...

Apesar dos pesares, boas-festas para todos!