O automóvel caminha rapidamente para responder às novas exigências de redução de consumo e emissões.
A pergunta é: qual será o combustível do carro do seu bisneto? A resposta mais óbvia é que ele estará dirigindo um veículo elétrico. Mas não é bem assim.
Salão do automóvel sempre foi o lugar perfeito para analisar as tendências do setor. Imaginei que o de Genebra, no mês passado, cumprisse essa missão. Mas eu saí dele com mais dúvidas do que quando entrei, em relação à propulsão veicular.
O salão destinou um pavilhão completo exclusivamente para modelos com energias alternativas. Alguns fabricantes, como a Toyota, insistindo nos híbridos. Outros, como a aliança Renault-Nissan, apostando nos elétricos.
Entretanto, no pavilhão principal, que reúne as principais marcas do mundo, as grandes vedetes eram automóveis supersofisticados ou esportivos que, em alguns casos, superavam os mil cavalos de potência.
Talvez a exposição de Genebra tenha – nas entrelinhas – sinalizado de que não há uma tendência, mas várias.
Tudo leva a crer que a pergunta sobre o carro do seu bisneto exige outra em resposta: em que pedaço do mundo ele vai morar?
Se for brasileiro, são grandes as chances de que o motor do seu carro ainda seja a combustão. Nada de flex, queimando apenas álcool.
Se morar nos EUA, deverá ter um híbrido, com dois motores: elétrico e a combustão. Porque o norte-americano detesta carrinho compacto, insiste em desempenho e faz longas viagens com frequência.
Na Europa, onde Smart e Fiat 500 racham de vender, ele deverá estar ao volante de um automóvel compacto e elétrico, apesar de ele ainda estar em seus primeiros passos e às voltas com dois problemas: autonomia e geração de energia elétrica.
O primeiro vai se resolvendo com o desenvolvimento de baterias mais leves e eficientes. O segundo é mais complicado: para um automóvel rodar apenas com eletricidade durante um mês (cerca de 1 mil quilômetros), ele precisa de uma carga elétrica que pode, em alguns casos, igualar a exigida por um grande apartamento ou uma pequena casa. Então, na cidade que tiver um carro elétrico em cada garagem, a geração de energia terá de ser quase dobrada. Uma complicação na Europa, com geradores que queimam diesel e carvão...
Na China, por exemplo, não existe a menor restrição ao carro elétrico, pois a energia é gerada por usinas que queimam carvão. E as reservas carboníferas do país são suficientes para alimentá-las até o ano de 2400...
Mas se brasileiro ainda não deu a menor pelota para o carro elétrico, confiado no etanol, chinês não brinca em serviço, pensa globalmente e não quer saber de cada macaco em seu galho: é na China que estão sendo desenvolvidas as mais eficientes baterias do mundo.
Papo de Roda - O carro do seu bisneto
O mais óbvio é que o carro do futuro será elétrico. Mas não é bem assim