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Papo de roda - Consumo: como saber?

Os números oficiais jamais são obtidos pelo motorista em seu dia a dia e a decisão da montadora foi de omiti-los na ficha técnica

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Vai que na hora de comprar um carro zero você fica em dúvida entre dois modelos e resolve decidir pelo consumo: “Levo o mais econômico”.

Só se você mora na Europa ou nos EUA, pois no Brasil as fábricas não são obrigadas a declarar o consumo de seus produtos. Essa informação está sumindo da ficha técnica nos manuais, na publicidade e até para a imprensa.

Tem dono de carro que fica indignado, mas a fábrica tem suas razões. As montadoras aferem o consumo oficial a partir de uma simulação de laboratório, com padrões estabelecidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os valores são obtidos a partir de um roteiro padrão, como se todos os automóveis tivessem o consumo aferido depois de percorrer o mesmo trecho, tivessem as marchas trocadas nos mesmos locais, rodassem à mesma velocidade, os freios aplicados nos mesmos pontos etc. É o único jeito de tornar os valores comparáveis. Mas como esses resultados jamais são obtidos pelo motorista no dia a dia, ele se julga enganado pela fábrica e chega a acioná-la judicialmente. A decisão das montadoras foi óbvia: omitir esses números.
O que não é, também, uma solução razoável.

Depois de muita briga, o governo vai obrigar a indústria a adotar um selo com o consumo de combustível e a emissão de gases poluentes de cada modelo. Ele vai substituir outros dois criados pelo Ibama (a nota verde, relativa às emissões) e pelo programa de etiquetagem veicular do Inmetro, de eficiência energética. Nenhum deles funcionou, pois não eram obrigatórios.

O governo dará à indústria um tempo para se adequar às novas exigências e estima-se que até o fim de 2012 os automóveis zero estejam exibindo o selo, orientando os consumidores e estimulando as fábricas a investir em tecnologias que reduzam os níveis de consumo e de emissão de poluentes.

Aberração O selo permitirá também que o governo altere a atual classificação tributária dos automóveis, onde se privilegia apenas a menor cilindrada (1.0), sem nenhum incentivo à fábrica que desenvolve motores mais modernos e eficientes. Mesmo que um 1.6 tenha menor consumo e emissão de poluentes, o 1.0 paga menor imposto. Uma aberração criada com o carro “popular”.

Até os híbridos ou elétricos pagam IPI de 25%, o mesmo percentual que se aplica a motores com cilindrada superior a 2.0.

Além da redução do imposto, a ideia do governo é conceder incentivos aos veículos desenvolvidos no país com tecnologia moderna e, portanto, mais eficientes.

Na Europa, por exemplo, o imposto do automóvel aumenta ou diminui de acordo com o nível de emissões de CO2, que é proporcional ao consumo. Um sistema de ônus e bônus que poderia ser adotado também no Brasil.