Rádio de automóvel durante dezenas de anos era controlado por dois botõezinhos básicos: o da esquerda o ligava e controlava volume, enquanto o da direita sintonizava a estação desejada. Os mais sofisticados contavam com botões extras para controle de graves e agudos e as opções de várias faixas de onda. Hoje, o motorista pode levar alguns minutos até descobrir os comandos necessários para chegar à emissora desejada.
A eletrônica desembarcou nos automóveis para deixá-los mais eficientes, seguros e confortáveis. Oferece também entretenimento, informação e comunicação. Mas tudo tem um preço a pagar. Hoje, o motor do carro dificilmente desregula. Mas, se para na estrada, nem pensar em tentar “quebrar o galho”: é chamar o reboque e levá-lo direto para uma oficina que tenha um computador com o programa específico daquele modelo.
O que não se imaginava era o tamanho da conta que viria a reboque da eletrônica cada vez mais complexa presente nos modelos mais modernos. Tudo começou com a injeção eletrônica que aposentou carburador e distribuidor. Depois, vieram os equipamentos de segurança, como os freios ABS. Hoje são dezenas de computadores gerenciando e integrando os sistemas mecânicos e elétricos do automóvel. São tantas as possibilidades de entretenimento, sistemas de áudio, informação e comunicação no painel que as fábricas perceberam que muitas jamais são acionadas e já começaram a eliminá-las nos novos projetos.
Mas o calcanhar de aquiles são os sistemas telemáticos, que permitem a comunicação a distância a partir de rastreadores com sinais de GPS conjugados com sistemas de alarme. Já existem automóveis que avisam automaticamente às centrais de monitoramento que sofreram um acidente grave em que os airbags tenham disparado, por exemplo. É o On Star da GM ou o Sync da Ford. Se o motorista não atende o celular, rapidamente uma assistência segue até o local do acidente.
Se pode salvar vidas, a telemática permite também que as entranhas eletrônicas de seu automóvel sejam invadidas por hackers. Os mesmos que fazem, à distância, um enorme estrago no seu computador. Essa invasão ainda não ocorreu na prática, mas experiências acabam de provar ser possível essa invasão também no carro.
Já pensou as consequências de um marginal que, a distância, liga ou desliga o motor do seu veículo, aciona o acelerador, desliga os freios, bloqueia as portas e neutraliza os alarmes?
A indústria automobilística percebeu que tudo isso é possível e está se movimentando discretamente para tentar seu bloqueio. Só resta cruzar os dedos e torcer para que seja mais bem-sucedida que as fábricas de computadores. Que ainda não conseguiram protegê-los dos hackers.
Papo de Roda - Calcanhar de aquiles
Pânico na indústria: está provada que hackers podem invadir seu automóvel e acionar a distância comandos mecânicos e elétrica