Alguns leitores se manifestaram contra a defesa que fiz, na última coluna, do automóvel. Acham que ele está mais para vilão do que para herói...
Alegam que as emissões de CO² do setor de transportes são superiores aos números oficiais (entre 12% e 14%). Não contesto, mas foram valores obtidos por especialistas no assunto, que não são contra nem a favor dos automóveis.
Outros foram além e discordaram de que o aquecimento global não seja principalmente provocado pelo homem. As geleiras se derretendo foram seu principal argumento. Não contesto também. Mas, enquanto hoje se discutem quantos centímetros vai subir o nível do mar, está provado que ele subiu cerca de 130 metros nos últimos milhões de anos. E que foram registradas extremas variações cíclicas de temperatura nos últimos milhares. Num período em que não houve a participação do homem com suas chaminés, queimadas ou emissões veiculares.
Por outro lado, foi comprovada uma proposital distorção nos resultados das pesquisas que apontam fatores antropogênicos no efeito estufa. Ambientalistas do primeiro mundo foram pilhados na alteração de valores para reforçar suas hipóteses em relação às variações climáticas.
Emissões Não se trata de negar a importância do controle das emissões veiculares, apenas de reduzir a paranoia que se instalou no setor. E de lembrar que se misturam alhos com bugalhos quando se fala de gases de escapamento. Até o Ministério do Meio Ambiente, quando divulgou em setembro do ano passado sua famosa ?Nota Verde? (classificando os automóveis de acordo com o nível de emissões), prestou um excepcional desserviço ao país, ao afirmar que a gasolina polui menos que o etanol. Até corrigirem a imbecilidade, em dezembro, nem imaginam o mal que fizeram para a imagem do motor flex no mundo.
Elétricos Fui também criticado por afirmar que a opção energética a longo prazo é o automóvel elétrico. Perguntaram se me esqueci do álcool.
Claro que não. Mas nem todos os países dispõem de terra suficiente, como o Brasil, para produzir dezenas de bilhões de litros de combustível verde anualmente. Alguém já fez a conta de que, se toda a área agricultável da Itália fosse plantada para produção de álcool, daria para abastecer apenas 3% de sua frota. O que se prevê, a médio prazo, é a mistura de etanol e do biodiesel aos combustíveis fósseis. Como já se faz no Brasil.
A rigor, imagina-se que, no futuro, cada região do mundo vai desenvolver soluções mais adequadas aos seus recursos naturais.
Dúvidas existem. Exceto de que:
1 ? o motor a combustão interna (gasolina, etanol, gás, diesel) permanecerá por dezenas de anos;
2 ? a transição será lenta e gradual, mas vai fatalmente desaguar no carro tracionado por motores elétricos.
Contraponto
Não me esqueci do álcool, mas poucos países tem condições, como o Brasil, de produzir bilhões de litros todo ano