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A mula do Ghosn

Carro elétrico?

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Carlos Ghosn, o brasileiro que comanda a aliança Renault-Nissan (o quarto maior fabricante de automóveis do mundo), esteve no Brasil e assinou um convênio com a Prefeitura de São Paulo para fornecer 50 automóveis elétricos. O Nissan Leaf tem autonomia de 160 quilômetros e suas baterias são recarregáveis em qualquer tomada. Foi uma iniciativa pioneira na América do Sul, mas a aliança Renault-Nissan já estabeleceu parceria semelhante com mais de 50 governos, prefeituras e entidades em todo o mundo. São automóveis que não queimam nenhum combustível e, portanto, não emitem poluentes e eliminam a poluição sonora provocada pelos motores a combustão.

Além de o Nissan Leaf ser integrado à frota da prefeitura, o convênio prevê o desenvolvimento da infra-estrutura necessária para que o carro elétrico seja implementado: uma rede específica para a recarga das baterias, os incentivos para facilitar sua adoção e as campanhas educativas sobre as vantagens que os automóveis elétricos trazem para as cidades.

Ghosn (pronuncia-se "gón") lamentou a falta de qualquer subsídio fiscal no Brasil para carros híbridos ou elétricos. Nos EUA, por exemplo, já existe um incentivo federal em que o fabricante do veículo movido exclusivamente com baterias recebe US$ 7,5 mil (cerca de R$ 13,5 mil) por unidade vendida. E, na Califórnia, outros US$ 5 mil (R$ 9 mil) do governo estadual. O que permitiu à Nissan oferecer naquele país o Nissan Leaf por US$ 24 mil (43 mil), um valor razoavelmente competitivo com os automóveis convencionais, desde que entre na conta a redução do custo por quilômetro rodado.

Incentivar essa tecnologia no Brasil seria mais fácil que nos EUA, pois o governo não precisaria tirar dinheiro dos cofres, mas apenas reduzir os elevadíssimos impostos federais e estaduais para torná-los competitivos.

Mas automóvel elétrico ainda não é uma realidade de mercado, pois vai demorar muitos e muitos anos até se tornar um substituto dos modelos a combustão.

Já existem vários países além dos EUA que se sensibilizaram para o assunto (Portugal, Israel e Dinamarca, entre outros) e incentivaram a comercialização do carro elétrico. As autoridades brasileiras não perceberam que o futuro do automóvel caminha para a eletricidade e, por enquanto, as empresas que desenvolvem aqui essa tecnologia (Fiat e Itaipu entre elas) derrapam em seu elevado custo.

Por falar nisso, qual é o carro certo para os dias atuais, mr. Ghosn?

Não é o automóvel sofisticado, do tipo cavalo de raça, de corrida. Ele chama a atenção para o fracasso de todas as marcas especialistas em esportivos, como Ferrari e Maserati, que foram compradas pela Fiat. Ou a Lamborghini, que atualmente pertence à Audi. Nem a Porsche escapou desse destino, pois já está sob controle da VW.

O segredo do sucesso, diz Ghosn, é o carro barato, porém resistente, confiável e que não exige cuidados especiais. Para não dar com os burros n?água, muito mais para uma mula do que para um puro-sangue...