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A bufa da vaca

Quanto representa - de fato - a poluição dos automóveis no efeito estufa, que provoca o aquecimento global?

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O automóvel transformou o mundo, flexibilizou a sociedade, expandiu os centros urbanos, criou um novo conceito de mobilidade social e individual, libertou o homem de sua limitação de espaço.

Desde sua criação, no final do século XIX, foi muito além de sua função básica do transporte e se tornou símbolo de prestígio e de status. Os primeiros automóveis, as "carruagens sem cavalos", eram conduzidos por elegantes choferes, impecavelmente vestidos, levando os senhores feudais, os nobres, os milionários, os chefes de estado, os políticos importantes.

Aos poucos, o símbolo de distinção e poder transformou-se num protagonista do cotidiano ao substituir o cavalo e a carruagem. Criado na Europa, ele se popularizou alguns anos depois nos EUA.

É símbolo de velocidade e herói de corridas. É cantado em prosa e verso.
A indústria automobilística movimenta milhões de pessoas, bilhões de dólares e está entre as mais poderosas do planeta.

Automóvel retrata também a própria história do homem. A fartura ou escassez de cromados, de potência, de comprimento, refinamento e luxo, refletiu as oscilações econômicas, políticas e sociais, as guerras e as variações de humor dos produtores de petróleo.

Atualmente, a preocupação da sociedade com o meio ambiente transformou o carro em vilão da história. Não há dúvida de que os gases expelidos pelos motores a combustão poluem o ar que respiramos, principalmente onde é grande sua concentração, como nos centros urbanos.

Mas há análises e considerações de muitos cientistas e estudiosos do assunto em todo o mundo que contrariam os palpites dos defensores dos nossos pulmões. A primeira delas é de que, de todas as emissões de gases carbônicos que perturbam a harmonia da natureza, o setor de transportes representa meros 14%, divididos entre terrestre, marítimo e aéreo.

A substituição dos combustíveis atuais deve ser incentivada e aplaudida, mas os veículos sobre rodas participam com apenas 10% do total de emissões. O transporte aéreo entra com 2%.

Mas, e o aquecimento global? E o efeito estufa? E o Greenpeace, como fica nessa?

Cientistas respeitáveis afirmam que a terra tem variações térmicas cíclicas. Que, com ou sem a nefasta contribuição do homem, a temperatura média do globo terrestre sobe e desce alguns (ou muitos) graus em determinados períodos de tempo, medidos em centenas de anos.

Por falar nisso, o setor aeronáutico foi mais esperto e decidiu dar nomes aos bois. Ou melhor, às vacas. Anúncios de página inteira em revistas de bordo de vôos internacionais exibem uma vaca bucolicamente instalada no pasto. O texto explica que existem cerca de 100 mil aviões cruzando os ares. E quase um bilhão de cabeças de gado nas fazendas. E que os gases expelidos pelas vacas superam de longe os emitidos pelos motores e turbinas de todas as aeronaves em operação no mundo.

E agora, o que o Greenpeace sugere para atenuar o poder de fogo (ou melhor, das bufas) de todo o gado do mundo?