Quase ninguém no Brasil tem dúvida de que fomos os pioneiros no flex. Mas não fomos: o sistema foi desenvolvido nos EUA em 1991.Três anos depois, a Bosch do Brasil fez algumas experiências com um Ômega, mas abandonou a pesquisa àquela época.
Nosso pioneirismo foi no carro a álcool, lançado no fim da década de 70 e que durou cerca de 10 anos, até cair em descrédito pela variação de preço do etanol e sua falta na entressafra.
A história do flex no Brasil está cheia de curiosidades. A primeira fábrica a apresentá-lo foi a Ford, em 2002, num Fiesta. Uma tecnologia tão complicada e cara que obrigou a montadora a rever todo o sistema e acabou sendo a última grande montadora a apresentá-lo.
O primeiro carro bicombustível brasileiro de fato foi lançado há exatos cinco anos, em março de 2003, num VW Gol, com tecnologia desenvolvida pela Magneti Marelli, do grupo Fiat.
Uma curiosidade: a Delphi, outra empresa fornecedora de hardware, alega ter sido a pioneira no sistema de injeção flex ao lançar o Corsa com essa tecnologia, em maio de 2003. A desculpa para sua mentirinha é de a VW só tinha apresentado o Gol Flex mas que ele não tinha sido comercializado de fato. (Na verdade, no dia do lançamento do Corsa a VW já tinha vendido cerca de 2 mil Gol flex...).
Enfim, aos trancos e barrancos, o sistema foi conquistando o mercado brasileiro e hoje, além de comemorar seus cinco anos, a indústria automobilística celebra também 5 milhões de unidades flex já produzidas.
E prevê alcançar 7 milhões antes do fim do ano, já que praticamente todos os modelos produzidos hoje podem queimar gasolina ou álcool em qualquer proporção.
Por que o Brasil primeiro derrapou com os carros a álcool para acertar com o flex só 30 anos depois?
O que permitiu desenvolver o sistema que regula o motor para queimar qualquer dos dois combustíveis foi a eletrônica, que não existia na década de 70. O que deu confiança ao motorista e garantiu o sucesso do flex é sua opção de mudar do álcool para a gasolina e não ficar mais refém do usineiro.
Evolução Apesar de seu sucesso, o flex ainda tem muito que evoluir. Nada justifica, por exemplo, a presença do ridículo tanquinho de gasolina para "quebrar o galho" nas manhãs mais frias, quando é difícil fazer o motor pegar com o etanol puro. Outro problema a ser resolvido pelos engenheiros que se dedicam ao desenvolvimento do sistema flex é o consumo exagerado, tanto de gasolina quanto de álcool.
O etanol não é a única alternativa ao petróleo. Mas é uma das mais importantes e, pioneiro ou não, o Brasil está hoje à frente em tecnologia de sua aplicação nos motores e de sua produção no campo.
5+5: flex é 10
Primeiro automóvel brasileiro flex surgiu há cinco anos. Já foram produzidos 5 milhões, mas sistema ainda tem muito o que melhorar