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Novo Volkswagen Scirocco - Entorta pescoço

Ausente por 16 anos, a Volkswagen relançou o modelo esportivo no ano passado. Do novo Golf, tem o mesmo chassis e desempenho, mas vale a pena pagar mais?

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Quando a Volkswagen relançou o Scirocco no ano passado, foi até especulado que o modelo seria importado para o Brasil. A fábrica negou. Mas, por via das dúvidas (as fábricas sempre negam), quis conhecer melhor esse esportivo projetado sobre o mesmo chassis do Golf (o alemão, não o nosso).

O design encanta: muito baixo e largo, não deixa margens a dúvida de suas pretensões esportivas e chama a atenção mesmo nas ruas da Alemanha, onde não faltam coisas bravas e exóticas.

No interior, um quê de “já visto” e mata-se logo a charada: o painel é o mesmo do conversível Eos. O acabamento é de muito bom nível. O volante segue a nova mania (dos esportivos) de ser reto na parte inferior, remetendo à Fórmula 1.

Veja mais fotos do Volkswagen Scirocco!

Paga-se um preço pelas linhas ousadas: o banco traseiro acomoda (mal) dois adultos. O porta-malas não passa do razoável (292 litros) e um casal, para viajar, tem que recorrer ao rebatimento do banco traseiro. A visibilidade traseira é ruim.

Mas vale a pena o sacrifício?

Não. O Scirocco tem a mesma mecânica do Golf GTI (alemão), com motor 2.0 turbo (de quatro cilindros) de 200 cv e as mesmas opções de caixa com seis marchas: manual ou automatizada de dupla embreagem (DSG). Seu comportamento é um pouco melhor que o do Golf pelo centro de gravidade mais baixo e por oferecer (opcionalmente) um sistema de controle eletrônico da suspensão. E também pelas bitolas, um pouco mais largas.

Carroceria penaliza os ocupantes traseiros e compromete a visibilidade



Ao volante, é um bom esportivo. Mas passa uma impressão de desempenho maior do que o real, talvez pela posição do motorista que vai bem mais baixo que no Golf. Na arrancada, por exemplo, ambos chegam aos 100 km/h por volta de 7 segundos (varia em função do câmbio). Quanto à suspensão, só dá para apertar o botão Sport nas boas autobahen, pois ele pula como cabrito até no bom asfalto das ruas germânicas.

Dirigi a versão com câmbio manual, mais adequado a um esportivo. O automatizado (DSG) é mais confortável, mas menos prazeroso: o motorista recebe “amansado” o impacto da cavalaria sob o capô.

Resumo da ópera: uma versão bem acertada e motorizada do Golf (como o VR-6 de 200 cv que a VW já produziu aqui, em 2003), que oferece mais conforto interno, visibilidade traseira, espaço no porta-malas e anda “ali” com o Scirocco. Com a vantagem de pesar um pouco menos no bolso.

A única diferença é que não faz ninguém entortar o pescoço na rua...

Vento alísio

Assim como Passat, Scirocco é também o nome de um vento alísio. E foi como a VW batizou seu esportivo derivado do Golf e lançado no Salão de Genebra de 1974. O modelo nunca foi um sucesso de vendas e deixou de ser produzido em 1992. Ficou em seu lugar o Corrado, outro esportivo de carreira curta (1988 a 1995).

Em 2006, a VW exibiu no Salão de Paris o conceito Iroc. O nome sugeria a volta do ScIROCco, o que de fato ocorreu em 2008, no Salão de Genebra.