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Avaliação técnica do Kia Soul 1.6

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Foto:

No porta-malas, cabem apenas 340 litros

Bom

Altura do solo

Não tem chapa em aço para proteger toda a zona inferior do conjunto motopropulsor. Não ocorreram interferências com o solo, numa utilização normal do automóvel.

Climatização

É por comando manual. Apresentou bom funcionamento, com boa vazão pelos difusores de ar do painel (não tem um específico para os passageiros de trás) e nível de ruídos satisfatório na velocidade máxima. Não tem opção de regulagem de temperatura diferenciada para condutor e passageiro, e o sistema está bem vedado.

Freios

Estão muito bem calibrados e dimensionados, com ABS muito eficiente e ótima sensibilidade. O pedal de freio tem boa resposta e relação. Apresentaram excelente desaceleração, com manutenção da trajetória, e permite frear forte na entrada de curvas sem grande afundamento do eixo dianteiro. O freio de estacionamento atuou normal.

Câmbio

O quadro de instrumentos tem display informando a opção de condução e a marcha selecionada. As relações de marchas/diferencial atendem razoavelmente no uso urbano e em rodovias. As respostas em kick down satisfazem.

Vedação

Boa contra água.

Limpador de para-brisa

Os esguichos são do tipo spray em V, com boa vazão e abertura. Quando acionados, ativam automaticamente o sistema de varredura, que é feito por palhetas de boa qualidade, que limpam uma área satisfatória. No vidro traseiro, o esguicho é duplo de cima para baixo e a palheta varre uma boa área. O acesso ao reservatório de água, instalado dentro do vão do motor, é fácil.

Ferramentas

Tem uma chave de fenda, combinada com Phillips, e uma chave de boca de 10x12mm.

Alarme

A chave de ignição não é codificada de série e tem proteção perimétrica das partes móveis, mas não tem a volumétrica dentro do habitáculo. POSITIVO

Regular

Acabamento da carroceria

Pintura tem bom acabamento final. Tampa traseira tem montagem aceitável, mas o capô está desnivelado, em relação ao para-lama direito. As quatro portas estão desniveladas entre si e a carroceria. O mesmo acontece com a tampa que dá acesso ao tanque de combustível. Os frisos das portas, barras longitudinais do teto, faróis, lanternas e apliques plásticos dos para-choques têm boa montagem.

Vão do motor

Porta-luvas e porta-trecos são pintados internamente na cor vermelha



Devido à arquitetura da carroceria, o vão do motor tem muito espaço, mas o posicionamento do conjunto motopropulsor está em um nível bem abaixo do usual, o que limita o acesso. O resultado do isolamento acústico (somente no painel de fogo) é limitado quando o motor está em rotação elevada. Os itens de verificação permanente têm fácil identificação e manuseio. O capô, que tem bom ângulo de abertura, é sustentado, quando aberto, por vareta manual.

Motor

A performance é normal, mas sem brilho dinâmico. Proporciona dirigibilidade razoável, com retomadas de velocidade e aceleração aceitáveis para a cilindrada do motor e peso do veículo (1.287kg) em ordem de marcha. O cabeçote com arquitetura 16V gera torque máximo em alta rotação (15,9kgfm a 4.200rpm), o que prejudica a condução em baixos regimes de rotação, piorando com o câmbio automático de quatro marchas. Com o veículo carregado e ar-condicionado ligado, o rendimento é baixo, numa topografia irregular, tanto na cidade quanto na estrada.

Suspensão

Para um automóvel desse segmento, voltado para o uso mais familiar, e devido à potência limitada do motor 1.6, o conforto de marcha merecia um melhor acerto, com uma “tropicalização” mais bem elaborada para o uso no Brasil. É muito baixo o nível do conforto de marcha com somente o motorista, piorando bastante quando o veículo está com carga máxima e com os pneus calibrados para essa condição. As suspensões são barulhentas, principalmente a dianteira, quando o carro passa sobre piso de asfalto irregular com remendos, calçamento e terra com costelas. A estabilidade é notável e merece destaque pela alta precisão, com mínima inclinação da carroceria em curvas de raios variados, estando o veículo no limite da aderência lateral.

Direção

Falta sentido técnico e de custo, restando apenas o de estilo, para a adoção opcional de pneus na medida 225/45ZR18 com índice Z (acima de 240km/h) de velocidade para um automóvel com motor 1.6 aspirado. Fora o excepcional handling sobre piso de asfalto liso, esse tipo de pneu é muito vulnerável a buracos, mesmo sendo do tipo reforçado, e com altíssimo custo de reposição, além do que a sua desmontagem/montagem para consertos não é uma operação normal para borracheiros de estrada, devido às suas medidas. A versão com pneu na medida 195/65R15 deveria ser a única homologada para uso no Brasil. A direção é do tipo direta e imediata, com reações precisas e seguras. As cargas do sistema estão muito bem definidas para o uso na cidade e em rodovias.

Iluminação

Tem luz de cortesia somente no porta-malas. Os faróis não têm regulagem elétrica de altura, em função da carga transportada. Apresentaram eficiência normal no facho baixo e no alto. O quadro de instrumentos tem iluminação permanente e fácil identificação noturna, além do console central e interruptores nos painéis de porta. No teto tem duplo spot fixo, com lanterna integrada, junto ao retrovisor. Na zona central dos bancos, há uma lanterna, com resultado razoável em iluminação.

Estepe/macaco

O estepe está instalado na bunha do assoalho, dentro do porta-malas, e serve apenas para pequenos deslocamentos, em baixa velocidade. A operação de troca é normal e conta com o auxílio de cinco prisioneiros fixos por cubo. Essa solução de o conjunto/pneu servir somente para pequenos percursos não é prática e funcional no Brasil. Numa viagem longa, ao ter que utilizar o estepe, o veículo terá o seu comportamento dinâmico totalmente alterado, prejudicando o ritmo da viagem. O kit de troca está acondicionado acima do aro do estepe.

Ruim

Nível interno de ruídos

O habitáculo não é silencioso quando o carro roda sobre piso irregular e o efeito aerodinâmico é evidente. Os pneus japoneses homologados (da marca Yokohama, modelo Advan Sport) apresentaram alta aspereza de rolamento, transferindo muito ruído para o habitáculo, sendo crescente com a velocidade.

Extra

Volume do porta-malas

O declarado pela fábrica é 340 litros, incluindo o porta-trecos que fica debaixo do piso do porta-malas. A nossa medição, utilizando apenas o plano superior do compartimento de carga, sem ultrapassar a altura do encosto do banco traseiro e sem prejudicar o campo de visão do vidro traseiro, foi de 240 litros.

(*) Avaliações do engenheiro Daniel Ribeiro Filho, da Tecnodan.